Oposição critica primeiro-ministro "mentor de autoajuda" que "vive em país diferente" dos portugueses

Foto: Tiago Petinga/Lusa (arquivo)
Luís Montenegro defendeu que Portugal vive um momento de viragem em que tem de trocar a "mentalidade do deixar andar" pela da superação. Foi uma mensagem de Natal que já mereceu críticas por parte dos partidos da oposição
Para a oposição, a realidade é diferente do quadro traçado pelo primeiro-ministro na mensagem de Natal divulgada esta quinta-feira. O PS acusa Luís Montenegro de fazer um discurso motivacional em vez de apresentar soluções para os problemas do país. A IL pede um "país de máximos", enquanto o Livre, o PCP e o Bloco de Esquerda acusam o Governo de desconhecer a realidade dos portugueses. Só para os partidos que apoiam o Governo o tom foi outro.
"O primeiro-ministro agora decidiu ser uma espécie de mentor de autoajuda com discursos motivacionais. Ora, não foi para isso que ele foi eleito. Ele foi eleito para decidir, governar e criar estratégias a curto, médio e longo prazo para resolver os problemas que efetivamente afetam os portugueses", reagiu a socialista Inês de Medeiros, considerando que faltou na mensagem "intenções" e "a capacidade da reformista que se apregoa".
"Veja-se, por exemplo, o caso da saúde, que ficou estranhamente ausente deste discurso", disse.
Já a líder da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, criticou a visão de Luís Montenegro que, defendeu, não encontra correspondência nos factos: "Continuamos com um crescimento anémico. Aquilo que temos sistematicamente é um país adiado, com as reformas adiadas. Que preparação é que está a ser feita para lidarmos com o fim do PRR, que vai já acontecer no final do próximo ano? Nem uma palavra."
"O primeiro-ministro fala em aumentos do salário mínimo quando deveria estar a falar de aumento dos salários em geral. Precisamos de deixar de ser um país de mínimos para passarmos a ser um país de máximos", sublinhou.
Entre outras reações, Paulo Muacho, do Livre, também considerou que a realidade contraria as palavras desta quinta-feira do primeiro-ministro. "Parece que vive num país diferente", afirmou, com uma referência ao pacote laboral, segundo o qual, "está preso no século XX e retira direitos e conquistas".
E se Luís Montenegro pediu uma mudança de mentalidade, o PCP optou pela ironia para defender que o que é necessário dar resposta aos problemas do país.
"As pessoas não têm falta de mentalidade, têm é falta de dinheiro para chegar ao fim do mês. Não têm falta de vontade de arranjar uma casa, têm é falta de salário que a possa pagar casas a preços justos. Não têm falta de mentalidade para ter médico de família, precisam é de ter médico de família", atirou Margarida Botelho.
Por parte do Bloco de Esquerda, o novo coordenador José Manuel Pureza sublinhou o facto de Luís Montenegro não ter feito uma referência direta ao pacote laboral. Só para os partidos que apoiam o Governo o tom foi outro.
O PSD sublinhou que Montenegro apelou à estabilidade e o CDS considerou que a mensagem do primeiro-ministro trouxe esperança.
