"Parece-me estranho que a Base das Lajes seja encarada quase como se se tratasse de uma base americana"
Em declarações à TSF, Vasco Alves Cordeiro aponta falta de “consciência” ao Governo português e frisa a "importância" da base militar nos Açores
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O atual presidente da Comissão de Política de Coesão Territorial e Orçamento da União Europeia e antigo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Alves Cordeiro, lamentou esta terça-feira que as autoridades portuguesas se esqueçam que a Base das Lajes “não é americana” e que, por vezes, falte uma “posição firme, decidida e determinada do Estado”.
“Eu acho que é clara a importância que a Base das Lajes tem. Agora, o que me parece importante também é que a sua utilização se faça nunca esquecendo alguns factos e o primeiro desses factos é que aquilo não é uma base americana, é uma base portuguesa”, começou por afirmar Vasco Alves Cordeiro, em declarações à TSF, em Bruxelas.
“Há alguns aspetos que julgo apresentarem uma grande margem de progressão e de melhoria no entendimento que se tem dessa realidade”, acrescentou.
Questionado pela TSF se um desses aspetos pode estar relacionado com a recente polémica em torno dos aviões norte-americanos que aterraram na Base das Lajes com destino a Israel, sem comunicação prévia ao Governo português, Vasco Alves Cordeiro respondeu: “O que me parece estranho é que o assunto é encarado como quase se se tratasse de uma base americana em território português. Não é. Aquilo é uma base da Força Aérea Portuguesa e julgo que isso, por vezes, não tem estado muito presente na consciência de que assim é. Não tem estado muito presente na forma como as autoridades portuguesas encaram situações como essa.”
Na altura, o ministro Paulo Rangel começou por dizer que não foi informado da passagem dos aviões F35 em direção a Israel e pareceu responsabilizar o Ministério da Defesa, tutelado por Nuno Melo. Mais tarde, retificou e disse tratar-se “exclusivamente de uma falha interna de comunicação no âmbito do Ministério dos Negócios Estrangeiros". O Executivo garantiu ainda que não houve violação de compromissos internacionais, mas toda esta situação mereceu críticas por parte da oposição, que questionou a transparência e o alinhamento de Portugal com operações militares norte-americanas e israelitas.
Para Vasco Alves Cordeiro, esta posição do Governo “desvaloriza” a situação e “não abona muito em favor daquilo que deveria ser uma posição firme, decidida e determinada do Estado português em relação a esta matéria”.
“Era essencial que se reafirmasse aquilo que é óbvio, mas por vezes parece não estar tão presente. Trata-se de uma base da Força Aérea Portuguesa, na qual os Estados Unidos têm prerrogativas especiais de utilização. Não é uma base americana em território português”, concluiu.