António Saraiva considera que Cavaco Silva é o "árbitro" e que "vai ter uma palavra a dizer" num "jogo complicado". Para o líder da CIP, os partidos deviam ter sido ouvidos pelo chefe de Estado logo após as eleições.
Corpo do artigo
"O presidente da República tem sempre uma palavra a dizer, é o árbitro deste jogo - passe a caricatura - e , nesse sentido, vai ter seguramente uma palavra a dizer", salientou o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), à entrada para o encontro da Concertação Social, em Lisboa.
Defendendo que, neste momento, os partidos já ultrapassaram a fase de discutir "o que se quer", e que se trata apenas de uma questão de "entendimento" entre os vários partidos, António Saraiva entende que é Cavaco Silva que terá um papel preponderante durante os próximos dias.
"O presidente da República vai ter de ouvir os partidos, coisa que devia ter feito logo de início. Vai, com certeza, ter uma palavra a dizer e arbitrar este jogo que, estando complicado, não deixará de ter um resultado final", afirma.
Para António Saraiva, a solução passa por colocar os interesses partidários num plano inferior ao interesse nacional: "Se colocarmos o país à frente de outras lógicas, independentemente do que se quer e sendo que a negociação é um aproximar de vontades, haverá vontade para entendimento e encontrar um governo saído desta lógica".
A "lógica", defende António Saraiva, rejeita um entendimento do PS com o Bloco de Esquerda e o PCP e vai ao encontro dos resultados eleitorais que indicaram, diz o presidente da CIP, que "70 por cento dos portugueses exprimiram essa vontade, de que a coligação e o PS formem um bloco estável e sustentável".
"Não sei se outras soluções, sendo matematicamente compreensíveis, podem dar essa sustentabilidade e essa garantia de estabilidade política", conclui.