O candidato à liderança do PSD manifestou-se indisponível para consensos com o Governo PS até final da legislatura, admitindo-os no futuro, e, em matéria fiscal, definiu como prioridade descer o IRC.
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"Estamos a pouco mais de ano e meio de legislativas, nunca é boa altura para a celebração desses acordos, depois com a nova legislatura veremos", afirmou Santana Lopes, questionado pelos jornalistas na apresentação à imprensa da proposta de programa "Um Portugal em Ideias", que decorreu este domingo, em Lisboa.
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A posição do antigo primeiro-ministro em relação à possibilidade de consensos com o PS foi a mesma quer se falasse de grandes obras públicas, de descentralização ou até de revisão constitucional.
Santana Lopes evitou responder diretamente ao seu adversário na disputa da liderança, Rui Rio, que hoje o acusou, em entrevista à TSF e DN, de "fazer as mesmas trapalhadas que fazia em 2004", referindo-se à polémica dos debates entre ambos.
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"Enquanto outros baixam o nível no que dizem e no que fazem, nós subimos, para as ideias, para o projeto", afirmou Santana Lopes, que salientou, perante a insistência dos jornalistas que, apesar de tudo, o tom da campanha interna não esteja a ser tão agressivo como a disputada no PS em 2014 entre António Costa e António José Seguro.
Durante mais de duas horas, vários oradores apresentaram à imprensa a proposta de programa da candidatura - coordenada pelo antigo autarca Telmo Faria - que o candidato sublinhou não poder ainda classificar como o seu programa, mas admitiu que na moção de estratégia que irá entregar até 02 de janeiro poderão estar muitos dos pontos com que concorda na íntegra.
Um deles, assumiu, é a concretização de uma "política fiscal ousada" que aponte o crescimento como "um verdadeiro desígnio nacional".
"Para já quero concentrar-me no IRC, é aquele que eu assumo. Não vou dizer sacrificar tudo ao investimento, mas a criação de condições de confiança para o investimento é ponto essencial deste programa", defendeu, considerando que o país ganhará mais com a criação de emprego gerada pelo investimento do que com algumas devoluções de rendimentos.
A este propósito, manifestou-se contra qualquer alteração da legislação laboral aprovada pelo anterior Governo PSD/CDS-PP.
Em matéria de Segurança Social, a proposta de programa fala na necessidade de "reformar os sistemas contributivos de proteção social", com o candidato a considerar que manter a sustentabilidade do sistema "é dos maiores desafios que se coloca a quem governa".
"Em Portugal, qualquer hipótese de debate de algum sistema complementar ao sistema público de previdência ganha logo uma carga ideológica nociva a bons resultados", lamentou, apontando outros países europeus onde os cidadãos descontam, de forma facultativa ou obrigatória, para sistemas privados de Segurança Social.
Tanto nesta questão, como na liberdade de escolha na saúde defendida na proposta do seu programa, Santana salientou sempre a "primazia do sistema público" e o respeito pela Constituição.
O candidato apontou a inovação como a palavra que poderá resumir a sua proposta para o partido e o país, bem como a defesa de um "menor Estado, melhor Estado", valorizando neste ponto a importância do setor social.
A proposta de programa estará agora disponível a contributos no site da candidatura e a versão final será apresentada numa Convenção Nacional marcada para 6 de janeiro.