Seguro diz que cartazes do Chega são "inaceitáveis" e violam valores constitucionais
"Eu imagino-me no papel de um imigrante português, na França, na Alemanha, na Suíça, na Bélgica, onde estiverem, e a saírem de casa para o trabalho e verem um cartaz a dizer isto não é Portugal", disse o candidato a Belém António José Seguro
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O candidato presidencial António José Seguro defendeu esta terça-feira que as frases inscritas em cartazes do candidato a Presidente da República e líder do Chega, com referências à comunidade cigana e ao Bangladesh, são inaceitáveis e atentam contra os valores constitucionais.
"A principal lei do país, que é a Constituição, proíbe o racismo e a xenofobia. Portanto, são inaceitáveis frases como aquelas que nós lemos, infelizmente, no nosso dia a dia", afirmou Seguro, em declarações aos jornalistas após um encontro com estudantes da Associação Académica da Madeira, no Campus Universitário da Penteada, no Funchal.
"Essas frases são frases que merecem o meu repúdio, são frases que atentam contra os nossos valores constitucionais", reforçou, acrescentando que acredita que "a esmagadora maioria do povo português reprova esse tipo de campanhas eleitorais" e que "não vale tudo" para obter votos.
"Aliás, eu imagino-me no papel de um imigrante português, na França, na Alemanha, na Suíça, na Bélgica, onde estiverem, e a saírem de casa para o trabalho e verem um cartaz a dizer isto não é Portugal", disse.
O candidato e antigo secretário-geral do PS insistiu que é "intolerável" e que é necessário "realizar campanhas eleitorais com o mínimo de civilidade e, sobretudo, com respeito dos princípios constitucionais".
"E nós temos de ser bem conscientes disto. Sobretudo quando se é candidato a Presidente da República, o nosso dever, e tem sido esse o meu dever, é o de elevarmos os padrões morais no nosso país e unirmos os portugueses. Chega de ódio, chega de divisão", sublinhou.
Depois de várias críticas, André Ventura recusou esta terça-feira retirar os cartazes, argumentando que está em causa a sua liberdade de expressão.
Sobre o encontro com estudantes da Universidade da Madeira, António José Seguro referiu que o país vive num paradoxo em que o Estado e as famílias investem na formação dos jovens que, depois, muitos deles não conseguem permanecer no país e "vão ajudar outros países e outras economias".
"Ora, nós devemos continuar a investir na formação, na capacitação dos novos jovens, mas sermos mais criativos, mais inovadores e mais proativos na criação de oportunidades para que eles ajudem a nossa economia e também ajudem a rejuvenescer a nossa demografia", considerou.
António José Seguro reafirmou que quer ser um "Presidente agregador", que se "dirige a todos os cidadãos", de todos os quadrantes políticos, realçando que "a política só serve para resolver os problemas das pessoas" e "se for só para jogos de poder não serve para absolutamente nada".
O candidato presidencial está na Madeira esta terça na quarta-feira, no âmbito uma volta de um mês pelo país, que começou no sábado, no Algarve, com o tema "O futuro constrói-se com todos", para recolher opiniões e falar com os portugueses.
Às 18h30 vai participar na apresentação do livro "Um de Nós", com a presença do autor Rui Gomes, no auditório da Universidade da Madeira.
A visita à região autónoma termina na quarta-feira com um encontro com pescadores e armadores no Porto do Caniçal, em Machico, estando também agendadas visitas à associação Garouta do Calhau e às obras do novo Hospital Universitário da Madeira, no Funchal.
