A enfrentar a apanha ilegal há mais de 15 anos, Alcochete pede solução concertada
Autarca defende na TSF a criação de uma equipa de trabalho que possa esgotar "todas as possibilidades desta apanha se tornar legal".
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O presidente da câmara de Alcochete não mascara o problema: a apanha ilegal de bivalves no rio Tejo acontece há "pouco mais de 15 anos" e, nessa década e meia, cresceu.
"Agora, naturalmente, torna-se uma tarefa hercúlea resolver", confessa Fernando Pinto à TSF, depois de uma manhã em que foram detidas quatro pessoas e identificados 243 imigrantes numa operação de combate a redes criminosas associadas à captura ilegal, comércio e tráfico internacional de bivalves.
Uma fonte envolvida numa operação que decorreu esta manhã no Montijo adiantou ao jornal Expresso que, quando entraram "nos barracos" em que os imigrantes de origem asiática viviam, os agentes da Polícia Marítima não estavam preparados para o que encontraram: trezentos homens "em condições absolutamente deploráveis, nojentas mesmo". Foi difícil "entrar ou ainda menos permanecer" no local "por causa do cheiro" e estava "tudo no chão". E o número de fatos de mergulho encontrados, disse a mesma fonte ao jornal, faz crer que haverá ainda mais homens envolvidos.
Durante a manhã, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) identificou 243 imigrantes e notificou nove para esclarecerem "a sua situação em território nacional".
Do Montijo regressamos ao concelho do lado, Alcochete. O autarca socialista, Fernando Pinto, garante que desde que tomou posse para liderar a câmara há seis anos, em 2017 - com uma reeleição pelo meio, em 2021 - defende a criação de uma "task force" onde várias entidades possam "trabalhar em rede, de forma muito articulada, no sentido de esgotarem todas as possibilidades desta apanha se tornar legal".
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O próprio confessa "alguma dificuldade" em perceber que o problema possa ter "um fim à vista", até porque a apanha destes bivalves é "interdita porque possuem componentes, na sua estrutura, de metais pesados e tóxicos e que acabam por trazer problemas sérios à saúde pública". Ainda assim, ressalva o autarca, nada o move "contra as pessoas que fazem desta atividade o seu ganha-pão".
A questão é "a apanha é interdita, ponto. O IPMA assim o define e, por isso, tudo o que a partir daí aconteça é o adicionar de um conjunto de crimes ambientais, de saúde pública, de prevaricação daquilo que é o espaço público e de crimes económicos".
À espera que seja possível colocar "um fim" a este esquema de apanha ilegal, Fernando Pinto fica à espera dos resultados da megaoperação: "Aguardo com muita expectativa."
Decorre desde as 8h00 uma megaoperação de combate ao tráfico de seres humanos liderada pela Polícia Marítima, nos concelhos do Montijo e de Alcochete, designadamente na localidade do Samouco, onde todos os dias centenas de mariscadores, muitos deles imigrantes de origem asiática, se dedicam à apanha ilegal de amêijoa.