Administradores hospitalares pedem acordo na saúde para resolver e evitar casos como o de Braga
O líder da associação de administradores hospitalares, Xavier Barreto, alerta que os constragimentos nos cuidados intensivos podem afetar a atividade cirúrgica e que a situação do hospital de Braga pode vir a replicar-se pelo país.
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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, alerta que a redução de camas nos Cuidados Intensivos do hospital de Braga pode vir a condicionar a atividade cirúrgica, pelo que é urgente que sindicatos e tutela cheguem a um acordo sobre as horas extraordinárias dos médicos.
No próximo mês de novembro, o hospital vai reduzir em 12 o número de camas nos Cuidados Intensivos devido à indisponibilidade dos médicos para realizarem horas extra além das 150 previstas na lei, mas, avisa Xavier Barreto na TSF, essa redução pode facilmente atingir outras áreas.
"Os cuidados intensivos são uma especialidade, uma área fundamental do hospital, logo à partida porque pode condicionar até a atividade cirúrgica. Se, porventura, não temos camas de cuidados intensivos para fazer o recobro dos doentes cirúrgicos, não há cirurgias", assinala.
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Além da recuperação dos doentes, os cuidados intensivos dão ainda "apoio ao atendimento do doente agudo que entra pela urgência, ao mais grave, mais urgente", tentando equilibrá-lo com a garantia de condições "para realizar cirurgias, particularmente as mais complexas".
Assim, e dado que o alcance dos constrangimentos pode extravasar este tipo de cuidados, "é urgente chegar a um acordo entre as partes, entre os sindicatos e a tutela, para que a normalidade seja reposta com a maior brevidade possível".
Xavier Barreto assinala também que este caso "tem de preocupar todos", até porque pode alastrar-se a outros hospitais, uma vez que o que está em causa é a "realização de mais horas extraordinárias, daquelas que vão além das 150".
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Nos serviços de cuidados intensivos "são muito realizadas e muitos turnos são garantidos com recurso a estas horas, portanto era relativamente expectável que isso viesse a acontecer nesta unidade e eventualmente em outras do país onde este risco também existe".
O representante dos administradores aponta também que quanto mais tempo durar a indefinição e a falta de consenso, "maior risco teremos de, no futuro, isto voltar a acontecer", podendo daí resultar "eventuais encerramentos deste tipo de unidades e outras nos hospitais do nosso país".
Este sábado, o hospital de Braga anunciou que vai reduzir o número de camas a partir do dia 1 de novembro devido à indisponibilidade dos médicos para realizarem horas extra além das 150 previstas na lei. A redução será de 12 camas nos cuidados intensivos, mantendo-se "20 das 32 camas até agora disponibilizadas".