Alexandra Leitão defende "reset" ao Governo, Lobo Xavier apela a "solução de rutura"
A sobrevivência do Governo depende de mudanças drásticas defendem os comentadores do programa Princípio da Incerteza.
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A deputada socialista Alexandra Leitão defende que deve haver uma reformulação integral do Governo. Em declarações no programa da TSF e CNN Portugal O Princípio da Incerteza, a antiga ministra do governo de António Costa defende que só com uma grande mudança se evita que tudo fique na mesma.
"É preciso fazer alguma coisa dentro do Governo. Pode passar por uma remodelação, mas também só vale a pena fazer uma remodelação se for para mudar perfis, se for para mudar verdadeiramente, para fazer uma espécie de reset."
"Ou seja, se for uma remodelação como a última que se fez, que no fundo é, enfim, para usar a aquela conhecida frase 'mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma", então para isso também vale a pena."
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"Acho que é preciso fazer alguma coisa, Pode ser mudar procedimentos internos, (...) pode ser remodelar, pode ser mudada a próprio orgânica do Governo, que é uma competência exclusiva do primeiro-ministro.
Também o conselheiro de Estado António Lobo Xavier defende que apenas "uma solução de rutura" vai trazer mudanças reais. Não basta "um refrescamento", como referiu o presidente do PS Carlos César.
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"Eu continuo a achar que o PS não está a perceber o que é que se lhe está a passar internamente, quer no Governo, quer no partido. O presidente do PS pede um 'refrescamento', que é uma expressão que se usa muito aqui para o lado do Porto."
"Não tem o menor sentido pedir um 'refrescamento' diante de acontecimentos com esta gravidade. Alguma nota de rutura tem de haver, sob pena de não ser fácil encarar a subsistência do Governo", defende Lobo Xavier.
"Percebo que existem contraindicações para a solução mais drástica, mas percebo também que não há forma de sair deste pântano sem alguma forma de rutura e, portanto, uma grande mudança governativa."
Sobre os esclarecimentos de João Galamba a propósito da polémica que envolve o seu ex-adjunto, a socialista Alexandra Leitão só tem críticas a fazer.
"Eu que defendi que João Galamba viesse falar - porque defendo sempre que se venha falar - fiquei estupefacta com a conferência de imprensa. É uma conferência de imprensa em que, perdoem-me a expressão, plebeísmo se mete ao barulho o primeiro-ministro o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, a ministra da Justiça... é uma coisa que a mim me deixou estupefacta."
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Para Alexandra Leitão, que descreve o episódio como "rocambolesco" e mesmo "um bocadinho de sórdido", fica abalada a "credibilidade dos políticos e a confiança das instituições". "Faz mal à democracia, lamento dizer", reforça.
Alexandra Leitão diz que são precisos mais esclarecimentos, incluindo perceber qual o papel dos Serviço de Informações de Segurança (SIS) neste caso.
"Acho que a intervenção do SIS, a confirmar-se, é algo que carece de uma explicação, porque SIS é um serviço de informação com características muito específicas que não podem ser usado com informalismo e em quaisquer situações, porque o SIS está na dependência direta do primeiro-ministro", entre outras razões, aponta. "Pode haver alguma explicação... vamos esperar por ela."
Para António Lobo Xavier, esta atitude do Governo levanta suspeitas. "Esse recurso ao SIS, completamente absurdo e ilegal, para mim é sinal de que é esse o padrão do Governo", condena o conselheiro de Estado. O SIS não é nenhuma polícia, não pode ir a casa das pessoas buscar coisas, sejam documentos secretos sejam bens da propriedade pública. Não tem essa função, não serve para isso."
"Isto para mim mostra um padrão de relacionamento com o SIS - não é um episódio da relação de Galamba com o SIS, para mim cria-me a suspeita, e digo com todas as letras, de que no Governo se usam os serviços de informação para lá do que está na lei e se usam repetidamente conscientemente."
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Também José Pacheco Pereira defende que o envolvimento do SIS precisa de ser explicado. "Não consigo perceber de todo", condena.
"Uma coisa era ter notificado o SIS de que o computador continha documentos confidenciais e o SIS poderia chamar a atenção das polícias, ou de outra coisa qualquer, para a necessidade de controlar esses conteúdos. Isso é uma coisa, mas o SIS não é uma polícia, o SIS não pode ser chamado para ir lá buscar o computador."
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"É tudo errado e tudo mal feito", condena o historiador e ex-deputado do PSD.