Andaluzia diz estar a negoceiar transferência de água a partir de Portugal, ministério do Ambiente desconhece
O Ministério do Ambiente e da Ação Climática diz à TSF que não foi informado de qualquer proposta espanhola e indica que as relações com o país devem seguir o que está definido na convenção de Albufeira.
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O presidente regional da Andaluzia, Juan Manuel Moreno, defendeu este domingo que a transferência de água pode ser uma solução para combater o impacto da seca e adiantou que está a trabalhar com Portugal neste âmbito.
O gabinete de Moreno está a fechar um projeto que vai permitir levar água a partir de Portugal.
A TSF contactou o Ministério do Ambiente e Ação Climática português sobre este projeto, tendo fonte do gabinete de imprensa respondido que "as relações com Espanha devem seguir o que está definido pela convenção de Albufeira".
"Não fomos informados pela APA [Agência Portuguesa do Ambiente] de nenhuma proposta por parte de Espanha", acrescentou. A TSF tentou também procurar esclarecimentos junto da APA, mas sem sucesso até ao momento.
Em declarações à agência espanhola EFE, no Dubai, à margem da COP28, Moreno vincou que as transferências de água podem ser "a solução", ressalvando que "é preciso ter muito cuidado".
"É mais uma alternativa e, portanto, como alternativa, não há que descartá-la. Há que estudá-la, especialmente para cada território, cada território tem alguma possibilidade de transferência, e até de outros países, incluindo Portugal. Estamos a trabalhar para uma transferência", revelou.
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Para o presidente regional da Andaluzia, "a dessalinização, a purificação e as transferências de água fazem parte da estratégia que deve ser levada a cabo".
Moreno adiantou ainda que o seu gabinete já está a tratar destes processos "dentro da Andaluzia e de algumas províncias".
O governante notou que é necessário ter uma estratégia global e colocar a água como uma prioridade absoluta.
"Muitas vezes vejo que o discurso sobre a água não existe, mas sem água não há vida, não há turismo, não há agricultura ou indústria", vincou.
O prolongamento da seca pode levar "à ruína económica", apontou, acrescentando que, por detrás deste problema, estão os agricultores que tiveram de abandonar as suas explorações.
A 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de 2023 (COP28) decorre, no Dubai, desde 30 de novembro e vai terminar na terça-feira.