O ex-líder parlamentar socialista disse que o PS tem de recusar a descrição da História recente feita pela «direita» e sublinhou que o partido tem condições para sair do congresso entusiasmado.
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«Chegámos unidos a este XIX Congresso Nacional do PS, temos condições para sair daqui entusiasmados», declarou Francisco Assis, que no final de um discurso de 15 minutos foi aplaudido de pé pelos delegados socialistas.
Francisco Assis repudiou que o PS se possa tornar «num partido de azedume», conservador e não reformista nas suas propostas, e recordou que há dois anos disputou a liderança a António José Seguro e que, na sequência da derrota, prometeu que não ia «andar por aí».
«Estive na primeira linha a afirmar o PS e, ao longo destes dois anos, nem sempre estive de acordo com António José Seguro e muitas vezes no futuro também estaremos em desacordo, porque não pensamos de forma absolutamente idêntica e somos dois homens absolutamente livres. Mas nestes dois anos trabalhámos juntos com uma única preocupação: Afirmar o PS em Portugal», disse, recebendo palmas.
Neste contexto, Francisco Assis elogiou o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que ainda em janeiro passado ponderou candidatar-se à liderança do PS contra António José Seguro.
Outro ponto do discurso de Francisco Assis passou pela advertência ao atual PS que não pode ignorar o contributo dos socialistas ao longo dos últimos 30 anos.
«Nós não podemos aceitar como verdadeira a descrição da História que a direita hoje tenta impor em Portugal. Esse é o primeiro combate, porque não é apenas um combate pela memória, é também um combate pelo futuro», sustentou o dirigente socialista.
Depois, Assis questionou como atuou «a direita» face a reformas feitas por ex-ministros socialistas como Vieira da Silva na segurança social, Correia de Campos na saúde ou Maria de Lurdes Rodrigues na educação.
«Estiveram do lado errado, do lado das corporações», disse.
Para Francisco Assis, o PS tem de combater «o medo», que tenta traçar fronteiras mentais entre o norte e o sul da Europa, ou entre o centro e a periferia, mas também «o medo gerado pelo discurso da direita».
«Eles nesse aspeto não nos enganaram. Temos de encontrar uma alternativa com realismo, que consta da nossa ação recente e da moção que será aprovada neste congresso. Só o PS está em condições de interpretar uma autêntica vontade de concertação social. Temos rapidamente de recuperar uma agenda reformista», advogou.