Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição diz que o setor não tem lucros extraordinários
O presidente da APED considera que as empresas só tem mantido a margem de lucro apesar do aumento dos custos porque "são eficientes".
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A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garante que não há lucros extraordinários no setor e que os custos de produção têm aumentado muito.
A resposta surge depois de o primeiro-ministro ter anunciado esta quarta-feira no Parlamento vai apresentar um projeto de lei para taxar os lucros excessivos dos hipermercados, além da taxa já prevista para as petrolíferas.
Em declarações à TSF, Gonçalo Lobo Xavier, presidente da APED, sublinha ainda que a carga fiscal sobre o setor já é grande em Portugal e rejeita a ideia de que o setor esteja a obter lucros extraordinários.
"Sabemos que está em curso a preparação de um formato que tem algumas orientações a nível europeu do ponto de vista de tributar os lucros noutro setor da economia na energia. Se for algo semelhante, não nos surpreenderá, mas o que lhe posso dizer é que se for algo semelhante, também me parece que, em face dos resultados que as empresas estão a ter este ano, dificilmente estaremos em linha com essa fórmula e que dificilmente vai atingir as nossas empresas, precisamente porque não se tratam de lucros extraordinários", defende.
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Ainda esta quarta-feira a Jerónimo Martins, dona dos supermercados Pingo Doce, anunciou que registou nos primeiros nove meses do ano lucros atribuíveis de 419 milhões de euros, um aumento de 29,3% em relação ao período homólogo.
O presidente da APED diz que esses resultados mostram precisamente que as empresas são eficientes, uma vez que até têm mantido a margem de lucro apesar do aumento dos custos.
"As margens, está provado, são na ordem dos 2 ou 3% e nós temos tido aumentos dos custos dos fatores de produção bastante superiores, de 30 ou 40%. Recentemente foi demonstrado por vários estudos que a distribuição não transmitiu para o consumidor o crescimento do custo dos fatores de produção na mesma proporção em que hoje cresceram. Isto é, não há resultados extraordinários, porque não houve nenhum fator extraordinário que tenha ajudado a que as empresas tenham estes resultados. O que há é uma grande eficiência, uma grande capacidade de apresentar e de melhorar as condições das empresas. E é nesse sentido que nós aguardamos serenamente que fórmula é que o sr. primeiro-ministro vai identificar para explicar esta tributação de lucros que, no nosso ponto de vista, não são extraordinários", reforça.
Os resultados do Continente só vão ser conhecidos esta quinta-feira, quando a Sonae divulgar as contas dos primeiros nove meses deste ano. Até junho, as receitas aumentaram mais de 10%.