Autoeuropa. PCP não quer Governo a subsidiar empresas que dispensaram trabalhadores
PCP rejeita hipótese de Executivo dar apoios a empresas que demitiram trabalhadores contratados a prazo.
Corpo do artigo
O Partido Comunista Português (PCP) não quer que o Governo subsidie as empresas fornecedoras da Autoeuropa que estão a despedir os trabalhadores com contratos a termo.
O Ministério do Trabalho Solidariedade e Segurança Social admitiu, esta terça-feira, estudar um apoio às empresas atingidas pela paragem forçada na Autoeuropa, se elas voltassem a chamar os trabalhadores dispensados. Mas o secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, que esteve, esta tarde, em Palmela, reunido com os trabalhadores daquele parque industrial, sublinha que "enquanto o Governo estuda" soluções, os trabalhadores estão a sofrer as consequências.
"Enquanto estudo vem e não vem, as pessoas ficam sem rendimento, ficam, nalguns casos, sem direito a subsídio de desemprego", alerta.
"Só espero que o Governo não venha com medidas que, no fundo, ainda subsidiem aqueles que contratam pessoas em contratos precários, quando elas fazem falta todos os dias", exprime o secretário-geral comunista.
Para o PCP, a fazer algum tipo de acordo com estas empresas, o Governo só pode, "no mínimo", garantir que os trabalhadores precários dispensados são contratados com contratos sem termo.
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (Sitesul), que representa os trabalhadores da Autoeuropa, está alinhado com esta visão. Em declarações aos jornalistas, após o encontro com o líder do PCP, Nuno Santos, que faz parte da comissão sindical na empresa, insiste que não devem ser os contribuintes portugueses a pagar por um erro do grupo Volkswagen.
"Este é um erro de gestão do grupo e deveria ser da sua responsabilidade a garantia de todos os empregos e do salário, na totalidade, a todos os trabalhadores", incluindo os trabalhadores temporários das empresas fornecedores da Autoeuropa, defende Nuno Santos.
Há até já empresas fora do parque industrial da Autoeuropa a despedir por causa desta paragem, com a situação a afetar fornecedores mesmo até em Évora. O secretário-geral comunista frisa, por isso, a necessidade de haver mudanças no modelo de produção.
"Nós temos condições no nosso país, em Portugal - no parque industrial e à volta -, para minimizar essa dependência [do exterior]", defende Paulo Raimundo. "Nós temos essa capacidade e é preciso reduzir essa dependência. O que é que isso implica? Produzir mais cá", sublinha.
A paragem na Autoeuropa já terá, de acordo com o PCP, levado 26 empresas a entrar em lay-off, atingindo mais de 7 mil trabalhadores. Cerca de 500 outros foram mesmo despedidos.