Bases do PSD criticam comunicação do Governo no caso das dívidas de Passos à Segurança Social

Global Imagens/ Arquivo
O caso das dívidas de Pedro Passos Coelho à Segurança Social é para as bases do PSD, um exemplo da má comunicação do Governo. No entanto, entre os dirigentes distritais e concelhios contactados pela TSF, o apoio ao chefe de governo é generalizado.
Corpo do artigo
O tema foi «mal gerido», a mensagem «foi errática» e só por isso ganhou a dimensão que ganhou. Esta é a perceção dos dirigentes distritais e locais do PSD contactados pela TSF.
Dizem que a comunicação falhou, mais uma vez. A reação do primeiro- ministro foi hesitante. O gabinete foi prestando informações aos poucos. Sempre acrescentando algo a cada dia que passava. O que pode dar a ideia de que, primeiro, ainda nem tudo foi contado, segundo, que tendo sido tudo contado foi um processo atabalhoado que revela uma «total inabilidade» na gestão desta crise.
A TSF contactou alguns membros das distritais, de norte a sul do país e algumas das principais concelhias, que concluem que esta é a prova de que o Governo «não tem comunicado bem» e que, em concreto neste caso, «a acção de comunicação do primeiro-ministro, não foi nem efectiva nem esclarecedora».
Mas este é o único problema que identificam nesta crise, um rótulo, que aliás, rejeitam. Alguns consideram mesmo que o caso não passa de um "fait-divers" que só fermentou pela «falta de pulso firme» e «informação segura no próprio dia» em que saiu a notícia no jornal Público, há precisamente uma semana.
Tirando isso, as chamadas bases do PSD estão com Passos Coelho. Dizem que «não está em causa a idoneidade do primeiro-ministro», nem o fragiliza politicamente. Garantem que nos contactos de rua e com os militantes, «não se questiona a liderança».
Acreditam que o caso há-de morrer nos próximos dias e, por isso, não terá impacto eleitoral. Aliás, as fontes contactadas pela TSF preferiram não gravar para não empolar o caso.
No entanto, há um outro sinal de alerta amarelo nas bases do partido. Tem a ver com a coligação com o CDS. Alguns líderes distritais dizem que se deve aproveitar o virar de página «para encerrar este caso» e começar a tratar rapidamente do futuro. Já «é hora de se definir de uma vez por todas a questão da coligação» e arrancar no trabalho preparatório do programa de Governo.
E com um reparo final. Um dos dirigentes de uma das maiores estruturas locais do PSD confessou à TSF que as bases querem ação, não querem que o líder alimente um papel de vítima da imprensa ou da oposição. «Esse discurso», diz este dirigente, «era o do Sócrates, das cabalas e perseguições pessoais, e o povo não o quis».