BE revela que Presidência da República sabia do pedido de alteração de voo feito à administração da TAP
"O email acontece no mesmo dia em que se dá o pedido à TAP e a seguir ao pedido ser feito à TAP, a mesma pessoa da agência de viagens envia um email a informar a Presidência da República", disse Mariana Mortágua.
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O Bloco de Esquerda revelou esta quinta-feira que o Palácio de Belém foi informado pela agência de viagens sobre o pedido à administração da TAP para que fosse alterado um voo, tendo em vista a viagem de Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique
"O email acontece no mesmo dia em que se dá o pedido à TAP e a seguir ao pedido ser feito à TAP, a mesma pessoa da agência de viagens envia um email a informar a Presidência da República. E informa dizendo que fez um pedido à administração da TAP e que aguarda e não seria inédito, uma vez já aconteceu no passado. E envia, além disso, os voos regulares a que o Presidente da Republica poderá reccorer, tendo em conta os normais horários de voo", disse Mariana Mortágua, deputada bloquista.
A informação consta dos documentos entregues à Comissão Parlamentar de Inquérito e a resposta apareceu no dia seguinte.
"Agradece a informação dada e diz ainda que a hipótese preferencial parece ser um dos voos regulares e que essa informação foi indicada a um superior. Penso que é essa a expressão que é utilizada. A única coisa que a resposta diz é agradecer a informação dada e indicar que a hipótese preferencial será um dos voos regulares que foram dados no email. Não há evidência de qualquer outro comentário ao facto de ter sido feito um pedido à administração da TAP", informa a deputada do Bloco de Esquerda.
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Em declarações aos jornalistas, Mariana Mortágua também abordou a reunião entre Christine Ourmières-Widener e o grupo parlamentar do PS, na véspera de prestar esclarecimentos aos deputados, na comissão de Orçamento e Finanças.
A deputada revela que o ministro João Galamba enviou uma mensagem a um adjunto a pedir a participação da antiga CEO na reunião, a pedido da própria.
"Vários elementos do Governo enviaram informação sobre a reunião que houve entre a CEO da TAP e o grupo parlamentar do PS, portanto, mostrando todas as fases desse processo, inclusive um Whatsapp em que o ministro João Galamba pergunta a um adjunto seu se a CEO pode participar, dizendo que a CEO tinha pedido para participar nessa reunião. Não temos evidência do pedido da CEO, temos apenas evidência do pedido do ministro João Galamba para a CEO participar, tendo ela pedido essa participação", disse Mariana Mortágua.
Para a deputada do Bloco de Esquerda, o anúncio da demissão da CEO e do chairman da TAP foi "precipitado por conflitos internos dentro do Partido Socialista", mas "não põe em causa a defesa jurídica desse processo".
Quanto ao processo de reprivatização da empresa, a bloquista diz que "vai contra os interesses do país": "A comissão de inquérito teve acesso exclusivo aos impostos pagos pela TAP e pela Ryanair, que é o seu maior competidor. Só em 2022, a TAP pagou 73 milhões em impostos e a Ryanair pagou 916 mil euros. Só em 2022, a TAP pagou 126 milhões de euros em contribuições para a Segurança Social, a Ryanair pagou nove milhões. A TAP interessa ao país e precisamos de manter a TAP em mãos nacionais e isso quer dizer o Estado, para garantir que os postos de trabalho se mantêm aqui, as compras são feitas aqui, que as contratações são feitas aqui e que Portugal não perde mais uma vez um recurso estratégico."