Câmara de Lisboa revê regulamento após queixas contra poluição visual dos ecrãs do El Corte Inglés
O ecrã publicitário principal tem 200 metros quadrados.
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A Câmara Municipal de Lisboa quer rever o regulamento municipal para poder intervir nos casos de poluição visual na cidade. Em causa estão as queixas dos moradores que vivem junto ao El Corte Inglés. O centro comercial tem dois painéis digitais instalados, que transmitem publicidade luminosa durante todo o dia. O ecrã principal tem cerca de 200 metros quadrados.
À TSF, Paulo Cintra, um dos munícipes que vive junto ao El Corte Inglés, explica o que vê da janela de casa: "As paredes do meu prédio parece que vibram com os flashes dos anúncios que passam. A partir de dada altura, tenho de fechar os estores para não ser incomodado."
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Depois das queixas dos vizinhos, que já remontam a 2018, o centro comercial "reconheceu" o problema e tentou reduzir o impacto das publicidades luminosas. "A partir das 22h00, o El Corte Inglés, desliga a animação e passa a transmitir uma imagem fixa em fundo preto", acrescenta Paulo Cintra.
Numa nota enviada à TSF, o El Corte Inglés explica ainda que, para minimizar o problema, foi instalado um sistema de controlo de luminosidade que, à noite, emite com apenas 4% de potência. O centro comercial avançou também com dois estudos de impacto da luminosidade. Os resultados desse relatório vão ser conhecidos no final do mês de agosto.
Em fevereiro deste ano, o problema foi exposto à autarquia lisboeta e agora, Diogo Moura, o vereador com o pelouro do Espaço Público, adianta que o Executivo vai fazer uma proposta para atualizar o regulamento municipal.
"O que queremos fazer numa próxima fase é olhar para o regulamento e começar a atualizá-lo para adaptar à dinâmica publicitária que existe hoje em dia. Aquilo que está definido no regulamento é que os anúncios não podem causar prejuízos a terceiros, mas temos de identificar bem quais são esses prejuízos para que, a Câmara, nos casos em que não licencia os dispositivos publicitários, possa intervir", explica à TSF o vereador Diogo Moura.
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Os próximos passos da autarquia são "internos" para "avaliar impactos" e depois ser "aberta a discussão".
"Nós abrimos uma intenção de alterar o regulamento, fazemos uma proposta base de alteração. Depois vai a reunião de Câmara é discutido também pelos vereadores e é colocado em consulta pública, o que quer dizer que qualquer munícipe, tem entre 20 a 30 dias para se pronunciar e dar as suas sugestões", esclarece o vereador da autarquia lisboeta.
Os impactos da poluição visual no sono
Em declarações à TSF, a médica Daniela Ferreira, presidente da Associação Portuguesa do Sono, explica qual o impacto que a luz dos ecrãs digitais pode ter no descanso dos moradores.
"Da mesma maneira que não é recomendado as televisões e os ecrãs, precisamente por causa do impacto no tempo de sono e no tempo até adormecer, esses flashes também retardam o sono."
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Na sequência das queixas, a Câmara Municipal de Lisboa admite rever o regulamento municipal para poder intervir nos casos de poluição visual na cidade. Até lá, a médica Daniela Ferreira deixa alguns conselhos aos vizinhos do El Corte Inglés para minimizar o impacto dos flashes: "Colocar cortinas, ou baixar os estores."
* Atualizado às 10h25