Câmara de Loures exige ao Governo "decisões urgentes" no Beatriz Ângelo após morte de idoso
À TSF, o presidente da Câmara de Loures afirma não estar convencido com as explicações apresentadas pelo hospital e refere que o problema está na falta de condições no Beatriz Ângelo, apontando o dedo ao Governo.
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O presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, espera "que o Governo tome decisões urgentes" no Hospital Beatriz Ângelo e, em declarações à TSF, garante ficar "muito atento" aos resultados da investigação aberta pelo hospital, na sequência da morte de um idoso de 93 anos, que alegadamente esperou mais de cinco horas para ser transferido para outra unidade.
"A explicação não convenceu nem a mim, nem a ninguém. É algo que o processo de inquérito tem que averiguar e tem que explicar bem", começou por dizer Ricardo Leão, acrescentando que "o problema é, de facto, as condições e os meios que o hospital neste momento não oferecem aos utentes do Concelho de Loures".
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Para o responsável da autorquia de Loures, o Governo tem de tomar "de uma vez por todas" uma decisão relativamente ao hospital: "Ou se cria de facto aquele mecanismo das unidades locais de saúde (...), ou então temos que retomar aquela lógica de uma parceria público-privada."
Por outro lado, o autarca aproveita para referir que está "desiludido e desapontado" com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, pelas promessas feitas e que ainda não foram cumpridas no Hospital Beatriz Ângelo e que culminam, em "situações de carência" para os utentes.
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Em causa está a morte de um idoso que deu entrada nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo pelas 13h00 de segunda-feira, com uma fratura numa perna, e que acabou por morrer depois de mais de cinco horas à espera no corredor do hospital. O doente teria de ser levado para o Santa Maria, mas os bombeiros alegam não ter tido autorização para o transporte.
Em comunicado, o Conselho de Administração do Hospital Beatriz Ângelo confirmou e lamentou a morte do utente, adiantando que determinou a "abertura de um processo de inquérito com caráter de urgência".
"Apesar de a avaliação preliminar não permitir estabelecer qualquer relação entre o tempo de permanência na urgência, a assistência prestada e o desfecho que veio a verificar-se, o Conselho de Administração determinou a abertura de um processo de inquérito com caráter de urgência para cabal apuramento dos factos", é referido na nota.
A TSF tentou ouvir esta manhã o Hospital de Loures, a direção-executiva do SNS e o Ministério da Saúde sobre este caso, mas sem sucesso.
Existem protocolos para a transferência de doentes entre hospitais
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, não tem detalhes sobre a situação em Loures, mas adianta, em declarações à TSF, que existem protocolos para a transferência de doentes entre hospitais e que há condições de segurança que têm de ser cumpridas.
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Apesar de considerar "prematuro" fazer avaliações, Xavier Barreto aponta "a carência de recursos humanos" como um dos principais motivos de preocupação nas urgências hospitalares e defende que o "Governo tem de dar passos significativos" para combater a situação.
"A ideia de termos equipas dedicadas baseadas em contratos de trabalho com um esquema de remuneração próprio que tenha para todos empenho dos profissionais, é fundamental para qualificar a resposta do serviço de urgência", considera.
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Também a Comissão de Utentes do Beatriz Ângelo, contactada pela TSF, afirma que a situação nas urgências do hospital de Loures é consequência da falta de médicos.
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Fernanda Santos, porta-voz dos utentes, explica que o encerramento dos centros de saúde também está a agravar a situação no Beatriz Ângelo, pois há mais pessoas a recorrer ao serviço de urgência fazendo com que se registem "picos" de atendimento, como o verificado na segunda-feira.
Notícia atualizada às 18h49