IGAI abre inquérito sobre estado dos carros da PSP de Loures após acidente mortal
O inquérito pretende perceber se as viaturas "estão em condições para circularem na via pública", assim como "se os agentes policiais dessa Divisão são obrigados, pelos seus superiores hierárquicos, a usarem essas viaturas".
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A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um inquérito para avaliar o estado de conservação das viaturas da PSP de Loures, divisão à qual pertencia a agente que morreu na sequência de um acidente de viação em serviço.
"A IGAI determinou a abertura de um inquérito, a que atribuiu caráter urgente, visando apurar o estado em que se encontram as viaturas utilizadas pela Divisão de Loures da PSP", lê-se num comunicado publicado na página oficial da inspeção-geral.
Segundo a IGAI, o inquérito pretende perceber se as viaturas "estão em condições para circularem na via pública; se os agentes policiais dessa Divisão são obrigados, pelos seus superiores hierárquicos, a usarem essas viaturas; quantos carros-patrulha existem para toda a área territorial da Divisão e se a Equipa de Intervenção Rápida dispõe de veículos para o exercício da sua ação policial".
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia considera que o inquérito lança uma série de questões pertinentes e adianta que a resposta será negativa, uma vez que a frota automóvel da PSP de Loures está num estado pouco recomendável.
"A divisão policial de Loures, uma das maiores do país, tem um problema crónico no que tem a ver com a manutenção e disponibilidade de recursos para que os agentes policiais possam desenvolver as suas missões. Desse ponto de vista e tendo em conta aquilo que é a realidade que sabemos que se passa na divisão de Loures, em que falamos de um conjunto de oito esquadras em que, habitualmente, há apenas três ou quatro viaturas, é salutar esta iniciativa da IGAI para perceber aquilo que está em causa e para perceber as condições. Estamos a falar da segurança dos elementos policiais, que têm de garantir a segurança das populações", explicou à TSF o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos.
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Uma agente da PSP morreu em 10 de agosto e outros três agentes ficaram feridos num despiste do carro patrulha em que seguiam, em Sacavém (Loures).
A agente que morreu, com 28 anos, conduzia a viatura que se despistou por baixo do viaduto da auto-estrada A1 cerca da meia-noite quando respondia a uma ocorrência em Camarate.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, lamentaram publicamente a morte da agente.
Após o acidente, o Sindicato Independente dos Agentes da Polícia (SIAP) denunciou que a divisão da PSP de Loures está sem carros suficientes para responder a ocorrências, considerando tratar-se de "uma situação caótica que coloca em causa a segurança das populações".
A IGAI anunciou também a abertura de um inquérito "destinado a apurar as circunstâncias e consequências da atuação de elementos da PSP junto, ou no interior do supermercado Pingo Doce, na Cedofeita (Porto) e das quais terão resultado lesões físicas em, pelo menos, uma cidadã.".
Um furto num supermercado em Cedofeita resultou na detenção de duas pessoas e na apresentação de uma queixa, por parte de uma terceira, contra um agente da PSP por "ofensa à integridade física".
A Jerónimo Martins, grupo detentor do Pingo Doce, negou as agressões no interior do supermercado, mas o incidente levou o Bloco de Esquerda a pedir ao Governo que questionasse a IGAI sobre o sucedido, tendo agora sido aberto inquérito.