Capítulo de Costa "prestes a encerrar, é vez" de Pedro Nuno. Salário mínimo nos mil euros em 2028
No discurso de encerramento do congresso nacional do PS, Pedro Nuno apresentou diversas linhas de ação, caso vença as eleições de março e forme Governo.
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O secretário-geral do PS propôs este domingo aumentar o salário mínimo para pelo menos mil euros até ao final da próxima legislatura, em 2028, e rever o acordo de rendimentos negociado em concertação social. No último dia do congresso nacional do PS, Pedro Nuno Santos foi claro: "É a nossa vez."
O discurso de encerramento de Pedro Nuno Santos começou pelos cumprimentos a António Costa e Augusto Santos Silva. O socialista falou num capítulo "prestes a ser encerrado" com Costa e agora "é sobre nós que recai a enorme responsabilidade de escrever um novo capítulo no livro da governação do PS e do desenvolvimento do nosso país".
Pedro Nuno lembrou que nasceu depois do 25 de Abril e sublinhou que a "democracia e o estado social são as maiores conquistas" e devem ser vistas como "conquistas irreversíveis". No entanto, "não são".
"No momento em que cumprimos 50 anos da revolução que nos devolveu a liberdade e a democracia, precisamos de reafirmar os nossos valores e de apresentar as nossas ambições", disse, acrescentando que "Abril não é só passado, é também futuro".
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"O PS tem maior determinação para responder aos desafios de futuro", atirou.
Pedro Nuno afastou a comunidade de "cada um por si", argumentando que para o PS "os problemas resolvem-se através da cooperação e não da competição".
"Os problemas de uns são os problemas dos outros. Juntos, cooperamos para aumentar as pensões e reduzir os custos de acesso à energia, mesmo que o pensionista não seja nosso avô", prosseguiu.
Relativamente à crise na habitação, em Portugal, Pedro Nuno disse que pretende "um país onde a habitação não é um bem de luxo, onde a comunidade consegue construir um parque público que dê resposta às necessidades não só da população desfavorecida, mas também da classe média".
"Não queremos um país na média europeia. Ambicionamos um país no topo: no topo da qualidade de vida, da segurança e da inovação", continuou.
"Principal missão" de Pedro Nuno é transformar a economia
A "principal de mudança" de Pedro Nuno é a "transformação da economia", disse, alterando "o perfil de especialização da economia".
"Só com uma economia mais sofisticada, diversificada e complexa podemos produzir com maior valor acrescentado, pagar melhores salários e gerar as receitas para financiar um Estado Social avançado", defendeu.
Pedro Nuno Santos propôs "um programa de desburocratização e simplificação, elaborado em diálogo e com a participação das empresas portuguesas", assim como "um programa de apoios à internacionalização, que seja mais do que um programa de apoio às exportações".
"Queremos a nossa economia mais rica. É possível, só temos de fazer e agir", sublinhou, prometendo que, caso o PS chegue ao poder nas eleições de março, o salário mínimo nacional subirá para, pelo menos, mil euros em 2028, o final da legislatura. Nesta altura, está nos 820 euros.
Quanto às pensões, o PS prometeu cumprir "a lei que regula a sua atualização, garantindo uma subida mínima para as pensões mais baixas". "Os pensionistas sabem que podem contar com o PS nesta área, ao contrário do PSD."
Pedro Nuno Santos adiantou ainda que na Segurança Social, o objetivo do partido é que exista uma "reforma das fontes de financiamento do sistema de segurança social, para que a sustentabilidade futura deste não dependa apenas das contribuições pagas sobre o trabalho".
Já na habitação, o PS quer definir com o Instituto Nacional de Estatística "um novo indexante de atualização das rendas que tenha em consideração a evolução dos salários".
"Quando a inflação é igual ou inferior a 2%, a atualização das rendas continua a ser como ocorre hoje. Quando a inflação é superior a 2% a atualização das rendas terá de ter em linha de conta a capacidade das pessoas as pagarem, capacidade essa que é medida pela evolução dos salários", defendeu Pedro Nuno.
O secretário-geral do PS apontou ainda propostas para a saúde oral, com a criação "de uma carreira de medicina dentária no SNS". "Sabemos bem que só conseguiremos superar esses maus resultados se a medicina dentária passar a ser uma realidade consistente no SNS. Iremos promover um programa de saúde oral que, de forma gradual e progressiva, garanta cuidados de saúde oral aos portugueses no SNS".
Educação: subida dos salários de entrada dos professores
O discurso de Pedro Nuno terminou com o setor da educação, considerando que estabilidade é "a capacidade de uma nova liderança manter um rumo disciplinado e em coerência com o passado e com os nossos valores, sem surpresas e sem ruturas".
O socialista disse que o salário de entrada na carreira docente são para aumentar, tornando "a profissão de professor mais atrativa".
"E também daremos maior equilíbrio à carreira, reduzindo as diferenças entre os primeiros e os últimos escalões", acrescentou, voltando a atirar críticas à oposição que, disse, "ainda não decidiu o que fazer com o novo aeroporto de Lisboa".
"Portugal não pode esperar. Queremos seguir e avançar", concluiu.