"Discurso de um país que não existe." Partidos da oposição criticam promessas de Pedro Nuno Santos
O PSD afirma que Pedro Nuno Santos fez um discurso de "enorme insensibilidade e de um país irrealista". À esquerda, o BE defende que "ainda há muito caminho para andar e enterrar o passado negativo de António Costa".
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Os partidos de oposição criticaram as palavras de Pedro Nuno Santos, no último dia do 24.º congresso nacional do PS. Enquanto o PSD acusou o secretário-geral do PS de fazer um discurso sobre um "país que não existe", a IL e o CDS-PP mostraram-se convictos de uma viragem à direita nas eleições de março. À esquerda, os partidos apelam a uma rutura nas políticas.
"Foram oito anos de uma enorme insensibilidade e de um país irrealista, e foi isso que assistimos neste discurso hoje de Pedro Nuno Santos. O discurso do PS é um discurso do país que não existe", acusou o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz.
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Acompanhado do líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento, Miguel Pinto Luz defendeu que "lá fora os portugueses não se identificam com este país", e considerou que o discurso de Pedro Nuno Santos, que foi ministro no governo de António Costa, constituiu-se como "a assunção de que oito anos falharam, e que é preciso fazer mais".
"Os portugueses serão chamados a escolher um novo governo e será seguramente um governo do PSD que liderará os destinos do país para um novo desenvolvimento económico e social", considerou Pinto Luz.
Para a Iniciativa Liberal (IL), "grande parte do discurso do novo secretário-geral do PS parecia que não tinha qualquer responsabilidade no estado do país".
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"Mas os portugueses sabem que Pedro Nuno Santos foi governante nos últimos oito anos e tem muita responsabilidade. E o mais importante desta intervenção final de Pedro Nuno Santos é o que não foi dito", disse o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, apontando que não foi abordada uma "verdadeira baixa fiscal" do IRS ou IRC, uma resposta ao estado atual do SNS ou uma palavra sobre Defesa e segurança no contexto internacional atual.
"É necessário fazer reformas sérias e o PS não faz porque é um partido imobilista. Dia 10 de março abre-se uma nova janela de oportunidade. Os portugueses têm que ter esperança que é preciso algo diferente", apelou.
No dia em que vai ser assinado o acordo de coligação da Aliança Democrática (AD), entre PSD, CDS-PP e PPM, no Porto, o dirigente centrista José Manuel Rodrigues mostrou-se convicto de uma viragem à direita.
"Julgo que os portugueses fecharão este ciclo político e abrirão um outro em que terão uma aposta na AD, numa aliança que permita ter um projeto para o país, com mais ambição, com mais crescimento económico e com mais coesão social", considerou.
Para o dirigente do CDS-PP, "é inacreditável que o PS queira fazer crer aos portugueses que não foi governo nos últimos oito anos e que Pedro Nuno Santos não foi ministro do governo de António Costa".
O centrista acusou ainda o PS de ter entrado em confronto com o Presidente da República, "desacreditar as instituições democráticas", e degradar os serviços públicos.
Pelo PAN, o dirigente Pedro Fidalgo Marques considerou que "ficou claro" que o partido "falta para colocar as causas ao centro", ambicionando eleger um grupo parlamentar em março.
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Esquerda constata "linha de continuidade" entre nova liderança e maioria absoluta
Os partidos de esquerda também reagiram às promessas apresentadas pelo novo secretário-geral do PS este domingo, tendo Luís Fazenda do Bloco de Esquerda (BE) considerado que são necessárias "políticas que façam ruturas com o legado do Governo anterior".
Sobre a proposta de aumento de salário mínimo, o BE sublinhou que "corresponde a um ritmo de crescimento menor do salário mínimo deste ano" e avisou que "ainda há muito caminho para andar e enterrar o passado negativo de António Costa".
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Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central do PCP, defendeu que a reunião magna socialista e o discurso do seu secretário-geral denotam "uma linha de continuidade" com as políticas dos últimos dois anos.
Para o PCP, essas políticas "não resolvem os problemas do país" e é necessária uma "alternativa política que responda à questão dos salários, do aumento das pensões, do combate ao aumento do custo de vida, às questões da habitação e da defesa do SNS".
"Isso, nós não vemos aqui, vemos uma linha de continuidade que não responderá aos problemas. Vimos alguém a falar como se tivesse acabado de chegar ao poder", criticou.
Questionado sobre a proposta de Pedro Nuno Santos de aumentar o salário mínimo em pelo menos 1.000 euros até ao final de 2028, Ricardo Costa sublinhou que esse aumento é uma "questão primordial", mas deve acontecer já e não apenas em 2028.
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Já a dirigente do Livre Isabel Mendes Lopes referiu que, no seu discurso, Pedro Nuno Santos falou na "necessidade de Portugal reinventar a sua economia", salientando que o seu partido concorda, mas que tal só será possível com "uma maioria de esquerda, alargada, plural, que trabalhe em conjunto numa visão para o país".
"O Livre defende nestas eleições que é essencial ter três objetivos: que a maioria seja de esquerda, que o Livre faça parte dessa maioria de esquerda com um grupo parlamentar e que os extremistas fiquem afastados do poder", salientou.