Candidato à liderança socialista demarca-se de Pedro Nuno Santos, que "parte de um pressuposto imediato, logo no arranque para a disputa eleitoral, de constituição de uma aliança com os partidos à esquerda" e por isso "limita a autonomia estratégica do PS".
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Para não "limitar aquilo que é o espaço político do PS", José Luís Carneiro afasta para já, numa entrevista à TSF e ao DN, um cenário de nova geringonça e aponta essa preocupação como a base da divergência com Pedro Nuno Santos, que "parte de um pressuposto imediato" de "aliança" com os partidos à esquerda.
Questionado sobre se admite um cenário semelhante ao de 2015, Carneiro assinalou que nas eleições antecipadas de 10 de março será preciso enfrentar "o principal competidor do PS", pelo que não pode "estar nesta fase a colocar hipotéticos cenários de alianças ou de compromissos programáticos, na medida em que isso limita a ação e a afirmação estratégica" dos socialistas.
"Devo evitar limitar aquilo que é um espaço político do PS, que do meu ponto de vista, é um espaço político que vai de centro-esquerda até ao centro político", o que diz ser a "razão" para divergir com Pedro Nuno Santos, "porque ele parte de um pressuposto imediato, logo no arranque para a disputa eleitoral, de constituição de uma aliança com os partidos à esquerda".
José Luís Carneiro defende que a visão do adversário socialista "limita a autonomia estratégica do PS" num momento em que esta deve ser afirmada e que tal se faz "em primeiro lugar na grande aliança que é a aliança com os portugueses nos momentos eleitorais".
Fora das contas do candidato socialista fica mesmo desde já qualquer bloco central, uma solução que "não é desejável para a democracia" por fazer desaparecer a "competição que é aglutinadora de tudo que tem a ver, quer com os partidos à direita do PSD e com aquilo que são os partidos à esquerda do PS".
"A competição entre os principais atores políticos do sistema, que são os dois partidos políticos que são fundadores da nossa democracia, das nossas liberdades, é fundamental. Agora, isso não significa que não deva haver uma cultura de diálogo e de cooperação em matérias que são relevantes para o país", garantiu.
Nesse diálogo, aponta nesta entrevista, não "demoniza" o centro político e social e defende como "possível e desejável" para Portugal que os partidos democráticos "construam soluções estratégicas de futuro que exigem, muitas das vezes, um certo impulso reformista, um ímpeto reformista", apontando como exemplos "a reforma do sistema político e o sistema eleitoral", a reforma do Estado "particularmente no que tem a ver com a criação de condições para a realização do referendo em relação à regionalização", a justiça e as "funções de soberania do Estado".
"É necessário que sejamos capazes de dialogar com os partidos do centro político e social porque assim foi no passado, quando tivemos de construir soluções, nomeadamente compromisso europeu", apontou.
OUÇA OU LEIA AQUI NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA COM JOSÉ LUÍS CARNEIRO