O Presidente da República recusou hoje que o futuro do Governo dependa das eleições autárquicas, que dizem respeito a cada concelho e junta de freguesia.
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Questionado se a "vida" do Governo depende das eleições autárquicas, Cavaco Silva disse de forma perentória: «Eu penso que é claro que não depende, são eleições autárquicas, dizem respeito a cada junta de freguesia do nosso país, a cada concelho do nosso país».
«Eleições autárquicas são eleições locais que dizem respeito às propostas que cada candidatura apresenta para os diferentes órgãos do poder local e é por isso que cada cidadão deva analisar cuidadosamente a confiança que cada candidatura que merece», acrescentou, depois de interrogado sobre se poderá ser feita uma leitura nacional dos resultados.
Interpelado sobre o facto de um primeiro-ministro já se demitido na sequência de umas eleições autárquicas, numa referência a António Guterres, em 2001, Cavaco Silva disse que essa foi uma decisão pessoal. «Isso foi a decisão de um primeiro-ministro, é com ele», referiu.
O Presidente da República, que falava aos jornalistas numa escola em Lisboa, depois de ter votado para as eleições autárquicas, retomou ainda a ideia que defendeu na tradicional mensagem do chefe de Estado antes de cada ato eleitoral, sublinhando que da campanha eleitoral que terminou na sexta-feira «resultou de forma muito clara a necessidade de proceder a uma reflexão ponderada e serena sobre alguns aspetos da nossa legislação eleitoral».
Sustentando que «há muitas interrogações» sobre as razões para Portugal ter uma legislação «tão diferente» da generalidade dos países da União Europeia, Cavaco Silva insistiu na necessidade do legislador, «tão cedo quanto possível», comece a «refletir ponderadamente», até porque em 2014 vão realizar-se novamente eleições, desta feita para o Parlamento Europeu.
Relativamente às eleições que decorrem hoje até às 19:00, e apesar de admitir algum receio em relação à abstenção, o chefe de Estado renovou o apelo ao voto, frisando que aqueles que não o fizerem «não têm depois autoridade para criticar».