"Certamente terei oportunidade de dizer aos portugueses o que é que penso. Hoje não"
Marcelo resistiu à insistência dos jornalistas nas ruas de Belém, indicando apenas que, durante o dia, trabalhou "nuns diplomas".
Corpo do artigo
Durante uma saída a pé para ir jantar, em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa recusou falar esta quarta-feira aos jornalistas sobre a crise política, mas adiantou que "certamente" dirá aos portugueses o que pensa.
Seguido pelas câmaras de televisão nas ruas, o Presidente da República disse ter estado a "a trabalhar nuns diplomas".
TSF\audio\2023\05\noticias\03\marcelo_rebelo_de_sousa_hoje_nao
"Deixem-me ir jantar, que bem mereço. Certamente terei oportunidade de dizer aos portugueses o que é que penso", atirou.
Desafiado pelos jornalistas a falar, respondeu apenas: "Não agora, não agora, hoje não."
Silêncio desde a discordância
Na terça-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa fez divulgar uma nota na qual realçou que "não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro" e afirmou que "discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem".
16279542
Nessa nota, publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet pelas 21h25, o chefe de Estado mencionou que ao apresentar o seu pedido de demissão João Galamba invocou "razões de peso relacionadas com a perceção dos cidadãos quanto às instituições políticas", mas o primeiro-ministro "entendeu não o fazer, por uma questão de consciência, apesar da situação que considerou deplorável".
O primeiro-ministro estava nesse exato momento a terminar uma conferência de imprensa na residência oficial de São Bento iniciada cerca das 20:50, na qual anunciou que não aceitava o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas: "Trata-se de um gesto nobre que eu respeito, mas que em consciência não posso aceitar".
António Costa considerou não poder imputar "qualquer falha" a João Galamba e repetiu vinte vezes a palavra "consciência" para justificar a sua decisão, pela qual se responsabilizou "em exclusivo", admitindo estar provavelmente a agir contra a opinião da maioria dos portugueses e certamente dos comentadores.
"Aquilo que tem sido repetidas vezes dito é o contrário do que eu apurei. Tem sido dito que o ministro quis ocultar informação à comissão parlamentar de inquérito - é falso. Diz-se que o ministro deu ordens aos serviços de informações ou quis utilizar os serviços de informações - também é falso", declarou.
O primeiro-ministro referiu ter informado o Presidente da República antes de anunciar publicamente a decisão de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas, ressalvou o respeito pelas opiniões e decisões do chefe de Estado, mas realçou que é sua a competência de propor a nomeação e exoneração de membros do Governo.