A crónica falta de enfermeiros está a condicionar a actividade do Instituto Português de Oncologia de Lisboa. Há salas e camas fechadas e o esforço dos profissionais de saúde "tem limites", alerta o presidente do Conselho de Administração, João Oliveira.
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A Unidade de Cuidados Intensivos do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa tem oito camas e "neste momento, está a funcionar com três camas, porque não há enfermeiros". O presidente do Conselho de Administração do IPO de Lisboa, João Oliveira, admite que a carência nos Cuidados Intensivos "cria problemas de programação" e já levou ao adiamento de cirurgias. De resto, no bloco operatório, as salas "são utilizadas intermitentemente", também pelo mesmo motivo: falta de enfermeiros.
O problema é transversal, explica João Oliveira. Após à operação, os doentes podem precisar de cuidados intensivos, recobro e internamento. Ora, "a falta (de profissionais) num serviço reflecte-se obrigatoriamente noutro".
Pelos dados a que a TSF teve acesso, no final de Maio, o IPO de Lisboa precisava de 166 enfermeiros, a juntar aos 553 que trabalham na instituição. Se juntarmos a totalidade de profissionais necessários, o défice ascende a 413.
Apesar das dificuldades, João Oliveira assinala uma diminuição dos tempos de espera para cirurgia (cerca de dois meses) e mais doentes operados. No final de Junho, havia cerca de 1300 doentes na lista de espera, em comparação com os 1500 no mesmo período do ano passado.
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A falta de enfermeiros não é sentida apenas no bloco operatório e nos cuidados intensivos. Por exemplo, no serviço de gastrenterologia, "as três salas de exame e duas de recobro não estão a ser usadas na totalidade", revela a directora da unidade, Isabel Claro. O serviço tem nove enfermeiros e precisaria de mais quatro ou cinco. O número de médicos também está em défice. Eram 14, são agora apenas seis.
Há quase 30 anos no IPO de Lisboa, a directora do serviço de gastrenterologia confessa que "é muito mais penoso trabalhar agora". Com "muitos entraves", Isabel Claro continua, ainda assim, a "vestir a camisola da instituição", mas afirma que a missão é actualmente, "mais difícil, pelas limitações transversais".
Sublinhando o esforço dos profissionais, o presidente do Conselho de Administração, João Oliveira, também avisa que "isto tem limites e um dos limites é o cansaço das pessoas a prazo. E esse prazo pode não estar muito longe", remata.
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