A consulta pública das propostas para o troço Oiã-Soure termina na próxima segunda-feira. Condeixa e Cantanhede pedem a ligação do metro de Coimbra aos concelhos como contrapartida.
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Para a autarquia de Coimbra, o chamado eixo 3.2 seria a opção para a passagem da alta velocidade com menos impacto para o concelho por implicar menos demolições. Segundo Ana Bastos, vereadora com o pelouro dos Transportes e Mobilidade, o traçado tem menos impacto negativo para o território e permite que o lugar da Quinta das Cunhas, com nove famílias, se mantenha.
"O [eixo] 3.2 não impacta diretamente com este lugar e é, do ponto de vista da componente social, o mais favorável. O 3.1 tem outros impactos. Além da componente social, também impacta diretamente com a zona de proteção do Paul de Arzila, que é uma zona protegida do ponto de vista da fauna e da flora, mas particularmente da fauna, e tem também impactos diretos no nosso plano de pormenor da zona desportiva de Taveiro."
No pior dos cenários, 63 casas podem ser demolidas com o projeto da alta velocidade. Destas, 35 estão situadas junto à atual Linha do Norte, que será alargada. A linha, afirma Ana Bastos, está "atualmente congestionada" e a obra é "essencial" para o desenvolvimento de Coimbra e da região.
"Neste caso não há alternativa de trajeto porque a Linha do Norte já ali está ali e tem de ser mesmo o alargamento. Não há como estudar ou como fugir muito a este trajeto de base."
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O projeto prevê ainda a construção de uma nova ponte ferroviária a atravessar a Mata do Choupal, para ser compatível com a alta velocidade. "Não sendo possível não fazer esta ponte, porque ela é absolutamente necessária para podermos ter a paragem em Coimbra B, a solução é irmos por compensações: se abatemos uma árvore, temos de plantar três ou quatro novas."
Nesse sentido, Ana Bastos assinala que a Câmara Municipal de Coimbra tem estado a trabalhar com a Infraestruturas de Portugal e a proposta da autarquia será pelo "alargamento do Choupal na zona poente".
Além do desenvolvimento de um estudo socioeconómico para identificar cada agregado familiar que é afetado, será ainda criado um gabinete de apoio.
A opção de Coimbra não coincide com a de Condeixa, mas o presidente desta autarquia, Nuno Moita, espera que se consiga uma "harmonização" entre os vários concelhos: "Para nós é muito difícil, será quase impossível a população, sem se revoltar, aceitar a questão do eixo 3.2, que passa por cima de uma aldeia."
Entre as propostas em consulta pública até dia 31 de julho, o presidente admite que há uma que até podem aceitar, mas sugerem, como alternativa, que seja desviado "um bocadinho mais a poente", o que "permite não passar por cima de nenhuma habitação. Claro que tem depois impactos, mas são impactos que poderão ser minorados com as questões do som, mas é diferente de estar a destruir um trabalho de uma vida e a habitação das pessoas".
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Nuno Moita pede que o metro de Coimbra seja estendido a Condeixa, como forma de compensação. Cantanhede defende a mesma contrapartida, tal como a reativação de uma antiga linha ferroviária no concelho.
"Nós queremos também saber prazos. Porque não são coisas para atirar para 2050, por exemplo. Há necessidade urgente. Tudo isto pode, e deve, ser negociado nesta fase", atira a autarca, Helena Teodósio.
Em Cantanhede, o documento em consulta pública apresenta duas opções, com a autarquia a ser favorável à que passa junto ao concelho, mas que já estará em território do concelho vizinho: "Sabemos que é uma obra importante para o país, sabemos que é uma obra que é necessária e traz sempre estas questões, mas dentro do possível temos de chegar aqui a uma decisão que minimize todas as preocupações que estamos a sentir neste momento."
As propostas para o traçado da alta velocidade estão em consulta pública até 31 de julho. O traçado entre Oiã e Soure deverá custar 1,3 mil milhões de euros.