Coligação PSD e Chega? "Se não for com Montenegro, vai ser com alguém que vai aparecer"
O congresso do PSD subiu a debate do programa O Princípio da Incerteza. Pacheco Pereira refere que "a pressão para o poder é grande", Lobo Xavier defende que o PSD deve antecipar coligações pré-eleitorais com o CDS-PP e a IL e Alexandra Leitão espera que Montenegro seja um homem de palavra.
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Depois do congresso de Almada, além dos ataques ao passado, há um conjunto de novidades no discurso do PSD que agradam ao antigo dirigente e deputado do PSD José Pacheco Pereira. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, o historiador entende que o PSD saiu reforçado do congresso de sábado, mas isso não chega. Pacheco Pereira considera que o partido foi eleitoralista e quer apagar as memórias da troika.
"Não estou a dizer que elas não tenham valor social, estou a dizer que elas têm uma clara componente eleitoralista para resolver aquilo que se acha que é a maldição do PSD desde o tempo da troika. Claro que é melhor que o congresso tenha corrido bem, [mas] se isso significa uma capacidade junto do país de quebrar aquele empate técnico com o PS, não sei. [O PSD] está melhor posicionado, mas há coisas no PS que também o posicionam melhor, uma delas é como é que vai evoluir esta questão do Ministério Público", considera Pacheco Pereira.
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Para Pacheco Pereira, o mais importante nas eleições de 10 de março não é quem ganha, mas quem tem condições para governar. O historiador e cronista não tem dúvidas de que todos os partidos estão dispostos a tudo para travar o adversário.
"No PSD, se for preciso os votos do Chega, isto é daquelas coisas sobre as quais eu não tenho dúvida nenhuma. Se for preciso os votos do Chega para governar, quer seja o primeiro, quer seja o segundo partido, pode também conseguir com o Chega ter votos suficientes para governar, isso vai acontecer. Se não for com Montenegro, que espero que cumpra as promessas que faz, vai ser com alguém que imediatamente vai aparecer", assegura, sublinhando que "a pressão para o poder é muito grande".
"Acima de tudo, a grande força política hoje é impedir os outros. E o PS a mesma coisa. O PS pode ser segundo partido, se com os votos ou com a abstenção mais ou menos pactada do Bloco de Esquerda e do PCP, eventualmente do PAN ou de outro partido qualquer, vão fazê-lo e vão fazê-lo no dia seguinte", refere.
Já António Lobo Xavier defende que o PSD deve antecipar coligações pré-eleitorais com o CDS-PP e a Iniciativa Liberal, caso queira ser Governo.
"Eu acho que seria totalmente desejável, porque uma frente com abertura que não esteja concentrada num único partido é sempre uma solução mais positiva e mais prática. O que se tem dúvidas quanto às próximas eleições, é que tipo de coligações poderão existir e que tipo de formação governativa. Ora, o PSD com essa abertura, designadamente ao CDS e à Iniciativa Liberal, teria outras condições e isso teria outro efeito na sociedade portuguesa", argumenta.
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Ainda sobre o congresso do PSD, a deputada socialista Alexandra Leitão considera lamentável o discurso de Luís Montenegro em Almada. Questionada sobre acordos pré e pós-eleitorais, a ex-ministra socialista espera que o líder social-democrata seja um homem de palavra:
"Da mesma maneira, ao contrário do que foi dito, António Costa teve essa clareza, porque na moção estratégica que António Costa apresentou ao Congresso em 2014, estava lá a possibilidade de fazer um acordo à esquerda. Eu espero é que o PSD, quando se vir confrontado ou se se vir confrontado com a necessidade de fazer algum tipo de acordo, seja para bloquear, seja para fazer Governo, coisa que não sei se acontecerá, uma vez que Montenegro disse que só faria Governo se ganhasse, mas se se vir nessa situação, esperemos que tenha uma postura tão ética e tão cumpridora como aquela que não teve o líder do governo regional da Madeira."
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