"A melhor e mais provável alternativa seria uma coligação que juntasse PSD, IL e CDS"
Miguel Poiares Maduro explica que nas eleições de 10 de março se vai assistir a uma escolha.
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Miguel Poiares Maduro sublinhou este sábado que o PSD e o PS têm de ser "claros" na sua abertura para viabilizar os respetivos Governos, a fim de impedir o crescimento do extremismo em Portugal. O antigo ministro do Governo de Passos Coelho entende por isso que a "melhor e mais provável alternativa seria uma coligação que juntasse PSD, IL e CDS".
Em relação ao crescimento da extrema-direita, Miguel Poiares Maduro explica que nas eleições de 10 de março se vai assistir a uma escolha: "Ou os partidos de centro moderado fazem um cordão sanitário em que só aceitarão acordos nesse espetro, ou então os sistemas políticos ficam cada vez mais extremados."
O professor de Ciência Política considera ainda que Luís Montenegro e até mesmo José Luís Carneiro se apresentam com duas candidaturas mais moderadas em relação a Pedro Nuno Santos e aponta que os dois primeiros já mostraram estar disponíveis para aceitar "sacrifícios políticos". Pedro Nuno "foi o único que ainda não o fez".
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Ainda assim, quando questionado sobre se está de facto disponível para permitir que os sociais-democratas governem, Carneiro rejeitou a premissa. Para Poiares Maduro, este recuo revela que o atual ministro da Administração Interna é "demasiado moderado e sensato para ser eleito pelo PS" e já o percebeu, tendo sentido necessidade "de se radicalizar" e, consequentemente, esclarecer aquilo que tinha dito.
O professor de Ciência Política considera que ser necessário que os "políticos moderados" ofereçam ao país "uma alternativa, excluindo os radicais da governação".
"Se não continuamos a ter política fragmentada", sentencia.
É neste sentido que Poiares Maduro acusa o PS de ter vindo a "normalizar um conjunto de práticas que são prejudiciais à política".
"O PS procura normalizar um conjunto de práticas que são prejudiciais à prática política e não sancionar e até validar esses comportamentos será terrível para a diminuição da confiança dos cidadãos e das próprias políticas", reforça.
Miguel Poiares Madura entende por isso que os liberais fizeram mal em afastar uma coligação com o PSD, uma vez que os portugueses "vão procurar estabilidade com moderação".
"A melhor e mais provável alternativa seria uma coligação que juntasse PSD, IL e CDS", defende, afirmando que os sociais-democratas têm aberto caminho nesse sentido.
"O PSD tem procurado fazer contactos nessa direção e tem sido a IL a tentar excluir", sublinha.
Ainda assim, confrontado pela TSF com os resultados das últimas sondagens, que têm mostrado um crescimento do Chega, Miguel Poiares Madura explica que "se as pessoas não encontrarem uma posição moderada, vão fazer um voto de protesto".
"Para mim, a não normalização de uma certa forma de governação é fundamental para que os extremismos não cresçam", aponta, acusando o PS de ser "o melhor amigo do Chega", por não ajudar a fazer o tal "cordão sanitário" e por levar a cabo práticas que "alimentam o populismo e a descrença" nas instituições.
"Falar disto não é populista. O que alimenta o populismo é a existência destas práticas e deixar essa discussão nas mãos do Chega", esclarece.
"Se o PS tem assim tanta preocupação com a possibilidade de o Chega chegar ao poder, era fundamental que [PSD e PS] tornassem claro que estão disponíveis para mobilizar os Governos mutuamente para impedir que o crescimento do Chega", atira.
Sobre a campanha eleitoral, Poiares Madura espera que "os casos da Justiça não sejam temas de campanha", até porque esses "devem ser deixados à Justiça".
"As práticas políticas, sim, devem ser discutidas", refere.
Sobre as críticas que foram dirigidas este sábado a Pedro Nuno Santos, Poiares Madura considera que foi o próprio que se colocou à "esquerda da esquerda", sobretudo no que diz respeito ao seu posicionamento em relação aos negócios da TAP.