Com "resposta inequívoca" e "sem medo de lutar", Frente Comum regista 90% de adesão à greve
Sebastião Santana aponta que o dia da greve não foi escolhido "por acaso" e espera que com o descontentamento mostrado esta sexta-feira, o Governo seja capaz de se "sentar à mesa com os sindicatos".
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O coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana, aponta para uma adesão de 90% à greve desta sexta-feira, uma resposta que considera ser "inequívoca" e um "espelho das medidas que o Governo tem tomado, nomeadamente no Orçamento de Estado de 2024".
Sublinhando que esta é "uma das maiores greves" a que a Administração Pública assistiu "nos últimos anos", Sebastião Santana aponta que a adesão impactou ""todos os setores".
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O líder da Frente Comum considera, por isso, que a resposta dos trabalhadores da Administração Pública foi "inequívoca" e "muitíssimo significativa" do descontentamento sentido pelo setor.
"Está a ser uma grandiosa jornada de luta dos trabalhadores da Administração Pública", conclui.
Sebastião Santana explica, ainda, que os valores "expressivos" desta sexta-feira têm que ver com as medidas adotas pelo Executivo nos últimos anos.
"O Governo faz uma proposta de salário que mantém os trabalhadores a empobrecer. Os trabalhadores da Administração Pública perderam, nos últimos anos, 20% do salário e não é com aumentos de 3% que se resolve o problema. A inflação não tem em conta o aumento do custo de vida", sublinha, em declarações aos jornalistas.
O coordenador diz ainda não compreender como é que o Governo que diz que nada pode fazer pelos salários, "é o mesmo" que depois aplica "1177 milhões de euros para o ano que vem na aquisição de serviços externos, perfazendo um total superior a 14 mil milhões de euros, e dá benefícios fiscais às empresas".
"Eu recordava que as 20 maiores empresas do país lucram 25 milhões de euros por dia e vão receber um benefício fiscal, que sairá do bolso dos portugueses, que custará 1600 milhões de euros", destaca.
Por isso, o líder da Frente Comum deixa um aviso ao Executivo de António Costa: se as reivindicações desta sexta-feira não forem tidas em conta antes da votação do Orçamento do Estado, então "está comprar mais luta da Administração Pública".
"Certamente que não vamos ficar por aqui, caso o Governo insista na política de empobrecimento, de desvalorização das carreiras e dos serviços públicos", assevera.
Sebastião Santana aponta, igualmente, que o dia da greve não foi marcado "por acaso". O objetivo foi dar a entender ao Executivo o descontentamento dos trabalhadores e dar "espaço" para que o Governo possa fazer alterações às medidas propostas no Orçamento do Estado.
A Frente Comum avança que não há "mínimos" definidos para que seja possível chegar a um acordo com o Executivo, mas aponta que uma das reivindicações é "aumentar os salários em 15%, com um mínimo de 150 euros", destacando, ainda assim, que esse valor não é suficiente para repor "a totalidade do poder de compra, mas é um caminho".
O coordenador acusa o Governo, que prometeu manter-se dialogante, apesar da maioria absoluta, de manter uma linha "intransigente".
O líder da Frente Comum adianta, ainda assim, que vão ser iniciados "processos negociais já na segunda-feira", pelo que "fica a porta aberta para o Governo, ouvindo este descontentamento, ter tempo para, ainda antes da aprovação do Orçamento do Estado, sentar à mesa com os sindicatos e discutir uma proposta que seja negociável, que não é esta que está em cima da mesa".
"Os trabalhadores da Administração Pública mostraram que não têm medo de lutar", conclui.