Concurso para médicos de família com quase 70% das vagas por preencher "superou as expetativas"
Manuel Pizarro defende que já se sabia, à partida, que o número de candidatos rondaria os 300 e assinala que foi possível fazer regressar "36 médicos que estavam fora do sistema de saúde".
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O ministro da Saúde garante que, apesar de quase 70% das vagas do mais recente concurso para a colocação de médicos de famílias terem ficado por preencher, o exercício "superou as expectativas".
Com apenas 314 (32%) colocados nas 978 vagas disponibilizadas, Manuel Pizarro explicou que, aquando da criação do concurso, já se sabia que havia apenas perto de 300 candidatos, pelo que "uma grande parte das vagas não pode ser ocupada".
Ainda assim, o ministro assinala que foi possível "recrutar mais de 90% dos candidatos", a que se junta o regresso de "36 médicos que estavam fora do sistema de saúde e regressaram ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
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"Não era possível imaginar que este concurso corresse melhor. Agora, este concurso resolve os problemas todos? Não, não resolve os problemas todos porque sabemos que precisamos de mais médicos", reconheceu Manuel Pizarro, que garante estarem a ser formados mais clínicos e a criadas "condições para atrair mais médicos para o SNS".
A colocação destes 314 médicos de família significa que perto de 500 mil utentes vão passar a ter a si alocados um destes profissionais. Segundo o diretor executivo do SNS, no caso de Lisboa e Vale do Tejo, a região do país com maior carência de clínicos desta especialidade, cerca de 200 mil pessoas vão ter médico de família nos próximos meses.
Do total de 314 médicos, foram colocados 113 em Lisboa e Vale do Tejo, correspondendo a 29% das colocações, seguindo-se o Norte com 109, o Centro com 73, o Algarve com 14 e o Alentejo com cinco.
A 2 de maio, foram lançadas a concurso 978 vagas para medicina geral e familiar, correspondentes a todos os lugares em falta no país, para reter os recém-formados e para atrair especialistas que não estivessem no SNS, mas o Ministério da Saúde admitiu, na altura, como realista a contratação de 200 a 250 médicos de família.
Estatutos da direção executiva são processo "demorado"
À margem de uma cerimónia de atribuição de bolsas na área da Saúde, Manuel Pizarro foi também questionado sobre os estatutos da direção executiva do SNS, que oito meses depois da tomada de posse desta ainda não estão concluídos.
O ministro assinala que a criação desta direção "é o momento de mudança organizacional maior nas mais de quatro décadas de SNS" e que este é um processo "demorado, porque não se trata apenas de criar uma nova estrutura, trata-se de decidir com muito rigor quais são as competências das estruturas existentes que transitam para a nova estrutura".
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O Governo espera que estes estatutos fiquem prontos "até ao final do primeiro semestre", para o qual reconhece já não faltar "muito tempo", mas garante também que, apesar de não ter estatutos aprovados, "a direção executiva está em pleno funcionamento, como, aliás, acho que portugueses têm visto".
Perante a insistência dos jornalistas sobre a razão para tanta demora, Pizarro sublinhou a "articulação muito difícil com competências de estruturas que existem há muitos anos" e relevou que quando se fala de estruturas "também falamos de pessoas, e estas mudanças das pessoas têm de ser feitas com tranquilidade de forma a não criar instabilidade nem a criar alarmismo".