Uma professora que confessa o cansaço, ao fim de 25 anos de trabalho, recomenda ao ministro João Costa que avalie a justiça das propostas do ministério da Educação falando com a própria mãe.
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Graciete Claro é professora na Escola Secundária de Palmela. Com 50 anos, passou metade da vida a mudar de escola. Apesar de pertencer a um quadro de zona pedagógica, ainda não é efectiva.
Em 25 anos de carreira, já passou por cerca de 15 estabelecimentos diferentes. "Ando a saltitar, ultimamente (fica) quatro anos em cada escola".
No entanto, não é a vida intermitente que a leva a fazer greve, mas sim a proposta do ministério da educação para alterar as regras de recrutamento. "A questão de escolher funcionários através de perfis pode introduzir o factor cunha, foi a gota de água", salienta a professora de Geometria Descritiva, que esboça o sentimento que domina a classe: "estou cansada, porque tenho 50 anos e enquanto há uns anos, os professores começavam a ter reduções aos 40 anos, hoje em dia, aos 50 anos, eu não tenho nenhuma redução no meu horário".
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Graciete Claro fez três dias de greve, no passado mês de Dezembro, e quer voltar a fazer, mesmo sabendo das implicações do protesto. "Uma greve, inevitavelmente, tem de prejudicar alguém", mas a professora lembra que, na última paralisação, avisou os pais e nenhum se mostrou "desagradado". Por isso, acredita que os pais compreendem os motivos da greve.
Ao ministro da Educação, a professora Graciete deixa um conselho: "sabendo que a mãe do ministro foi professora, diria para o ministro falar com a mãe dele e perguntar-lhe se acha justo a forma como os professores têm sido tratados ao longo dos anos e se acha justo como este novo concurso está a ser proposto."
A autora não segue as regras do novo acordo ortográfico