Costa critica Lagarde: Inflação deve-se mais "a aumento de lucros extraordinários" do que à subida dos salários
Reagindo às declarações de Christine Lagarde, o primeiro-ministro considera que "não tem havido suficiente compreensão, por parte do BCE, da natureza específica do ciclo inflacionista".
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António Costa considerou, esta quinta-feira, que o Banco Central Europeu (BCE) "não compreende a natureza específica deste ciclo inflacionista". Para o primeiro-ministro, "é mais ou menos claro" que "o aumento dos lucros extraordinários tem contribuído mais para a manutenção da inflação do que a subida dos salários", como defendeu, recentemente, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em Sintra.
"O BCE tem uma política soberana na definição da política monetária, mas não tem havido suficiente compreensão, por parte do BCE, da natureza específica do ciclo inflacionista", afirmou António Costa, em declarações aos jornalistas, em Bruxelas.
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"Não compreender a natureza específica deste ciclo inflacionista limita muito a capacidade de enfrentar... se não acertamos bem no diagnóstico, a terapia raramente acerta", atirou.
Tal como adiantou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, também o primeiro-ministro espera que, a partir de setembro, "possamos começar a retomar uma trajetória de política monetária mais adequada àquilo que é fundamental: salvaguardar as condições de vida das famílias, a capacidade de investimento das empresas e o crescimento económico".
António Costa relembrou que o Governo "tem adotado um conjunto de medidas" para ajudar os portugueses a enfrentar o aumento do custo de vida, nomeadamente através do apoio à renda, que começou a ser pago a 185 mil famílias na semana passada, e do aumento intercalar das pensões, que será feito no próximo mês de julho.
Relativamente à redução dos impostos, o primeiro-ministro referiu que o IRS baixou em 2022 e em 2023: "Vamos prosseguir com a redução dos impostos até ao final da legislatura."
"O contrato que foi feito com os cidadãos é o que consta do programa eleitoral do PS e que é hoje o programa do Governo. Vamos prosseguir esta trajetória de redução dos impostos sobre os rendimentos do trabalho, manter as reduções do IVA na restauração e continuamos a fazer uma avaliação positiva do IVA zero no cabaz essencial para a contenção do preço dos bens alimentares", sublinhou.