Deputado assinala que quem tem "assento" junto do Banco Central Europeu é Mário Centeno e não António Costa, pelo que a política portuguesa deve procurar falar "a uma voz".
Corpo do artigo
O líder e deputado do Chega, André Ventura, vê o primeiro-ministro e o governador do Banco de Portugal desencontrados sobre a política de subidas da taxa de juros e alerta que é preciso alinhar a mensagem passada ao Banco Central Europeu (BCE).
Esta quinta-feira, António Costa defendeu que o BCE "não compreende a natureza específica deste ciclo inflacionista" e que "é mais ou menos claro" que "o aumento dos lucros extraordinários tem contribuído mais para a manutenção da inflação do que a subida dos salários", uma ideia defendida pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em Sintra.
Ventura refere que ver o primeiro-ministro tomar esta posição como errada "é paradigmático, mas é também pitoresco, porque o senhor ministro das Finanças parece não discordar e o governador do Banco de Portugal também parece não discordar".
TSF\audio\2023\06\noticias\29\andre_ventura_1_portugal_nao_ha_uma_so_voz_para_insistir_com_bruxelas
Já Mário Centeno, no programa 'Grande Entrevista', da RTP, transmitido na noite desta quarta-feira, mostrou-se convicto de "que as taxas de juros dos depósitos vão continuar a subir nos próximos tempos", havendo "margem para isso acontecer e deve acontecer".
Nesta linha, o deputado assinala que "quem tem assento" junto do BCE é o governador do BdP, Mário Centeno, e não António Costa, e que estas avaliações dissonantes levantam questões sobre se "há uma voz na política portuguesa representante em Bruxelas, ou se há várias vozes".
"É muito perturbador o que estamos a assistir, esta divisão de posições dentro do Governo e com o Banco de Portugal é perturbadora e reveladora do caos que se vive ao nível governativo e ao nível da política económica portuguesa", atira.
TSF\audio\2023\06\noticias\29\andre_ventura_2_importante_haver_pessao_forte
Defensor de uma "pressão forte" sobre Bruxelas para "contrariar a subida consistente das taxas de juro", Ventura assinala que "talvez o retomar dos debates quinzenais, que estão previstos para setembro, possa ser uma boa notícia".
O parlamentar do Chega sustenta que é nesse espaço que a oposição deve "fazer ver ao senhor primeiro-ministro as decisões e a firmeza e o pulso que tem de ter em Bruxelas para que os portugueses não asfixiem mais ainda do que estão a asfixiar neste momento".
"Parece-nos importantíssimo que nos próximos meses haja pressão forte", insiste.