Taxas de juro. Marcelo pede "muito cuidado" aos bancos para não "perturbar" famílias
O Presidente da República esteve no Fórum Jurídico de Lisboa, um evento organizado pelo Brasil, e comentou as declarações de Lagarde e outros políticos às taxas de juro.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu cuidado nas palavras sobre as taxas de juro aos bancos, banqueiros e políticos, alertando que podem causar perturbações e alarme nas famílias.
"Nesta matéria todos devemos aguardar a evolução da inflação e a decisão dos bancos centrais, mas também penso que os bancos deveriam ter muito cuidado naquilo que dizem publicamente porque recordo-me de, não há muito tempo, ter ouvido banqueiros dizer que os juros não iriam aumentar durante um período considerável de tempo e agora vejo dizerem que é possível que venham a aumentar, não apenas este ano, mas no ano que vem. Isto tem um efeito de perturbação nas pessoas e mercados que não é bom para ninguém. É preciso muito cuidado no discurso que se tem porque é muito sensível para o dia a dia das pessoas", explicou Marcelo.
Sobre a recomendação de não aumentar salário o chefe de Estado pediu também "grande ponderação".
"Vemos países como os EUA inverterem a política e não aumentarem o juro. Vemos outros bancos centrais entenderem o contrário, mas não vale a pena, neste momento, estar a criar mais preocupações e perturbações naquilo que é a vida já difícil de muitos europeus e portugueses", aconselhou o Presidente da República.
Ainda na União Europeia, Marcelo vê a presidência espanhola como uma "oportunidade", para a Europa se abrir ao mundo latino-americano.
"É este o tempo de a Europa se assumir como uma potência global também aí e não pode ser o egoísmo de um ou outro Estado a travar a inevitável evolução do tempo", afirmou.
Depois de, no evento do Fórum Jurídico de Lisboa, ter dito também que há países da UE a "demonstrar cegueira" em relação ao acordo com o Mercosul, Marcelo recusou "especificar" que países são esses, mas referiu que há vários a votar "posições maioritárias contra esse acordo".
"Isso é um travão enorme àquilo que está há 20 anos à espera e não podemos perder nem mais dois, três ou quatro anos. São anos perdidos para o Mercosul e a Europa, que pode perder um papel de ponte fundamental como potência global nas relações com o mundo sul-americano e latino-americano", alertou Marcelo.
No final deste evento organizado pelo Brasil, o chefe de Estado sublinhou ainda que a relação entre o Estado brasileiro e o português "é muito boa" neste momento.
"Em tempo recorde fomos visitados pelo Presidente brasileiro e agora pelo vice-presidente brasileiro. Isso significa que há entre os países e Estados uma cumplicidade fraternal excelente e não é só entre políticos, é entre povos. Temos hoje em Portugal cerca de 300 mil brasileiros, o Brasil tem no seu território um número muito elevado de portugueses e essa realidade significa que os povos estão estreitando relações económicas, sociais, culturais e políticas", acrescentou o Presidente da República.