Costa confessa "inveja" por não decidir "bom ovo da Páscoa" do novo aeroporto, mesmo sem unanimidade
António Costa agradeceu a Luís Montenegro pela forma como acordou, com o Governo, a constituição da Comissão Técnica e a metodologia.
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O primeiro-ministro, António Costa, admitiu que nenhuma solução sobre o novo aeroporto vai gerar unanimidade.
"Qualquer das soluções terá menos de 20% de apoiantes. Tínhamos de acordar uma metodologia que desse confiança e segurança ao decisor político, uma decisão que se projetará duradouramente, por mais de 50 anos. Era importante definir uma metodologia que desse conforto a todos, uma informação esclarecida que fosse consolidada de forma independente. Nenhum dos membros da Comissão Técnica Independente foi escolhido ou nomeado pelo Governo ou pela oposição", sublinhou Costa no final da apresentação do relatório da Comissão Técnica Independente.
Antes, agradeceu a Luís Montenegro pela forma como acordou, com o Governo, a constituição da Comissão Técnica e a metodologia.
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"É importante partirmos de dois consensos: já ninguém discute que temos de aumentar a capacidade aeronáutica da região de Lisboa e que o atual aeroporto está esgotado. Este consenso não é menor porque ainda recentemente foram tomadas decisões sobre o pressuposto de que este aeroporto não tinha esgotado a sua capacidade. Hoje todos estamos conscientes da urgência de responder a esta necessidade", afirmou o primeiro-ministro.
"Bom ovo da Páscoa para o novo Governo"
O período de 30 dias de consulta pública será entre 6 de dezembro e 19 de janeiro. Para Costa, este intervalo será um novo período de "discussão pública e reapreciação pela Comissão dos diferentes atributos da discussão pública", antes da apresentação do relatório final, em março.
"Não será propriamente um presente de Natal, mas será seguramente um bom ovo da Páscoa para o Governo que, em março, vier a governar o país. Apelo para que esta discussão pública até 19 de janeiro seja bastante rica e participada para que cada um coloque as questões críticas daquilo que são as propostas, o entendimento e os pressupostos que foram assumidos pela Comissão Técnica Independente", apelou.
Num tom irónico, o primeiro-ministro disse ainda ter "relativa inveja" por "não ser o decisor político" que vai tomar a decisão e mostrou-se satisfeito por já não haver dúvidas sobre a independência da Comissão Técnica em relação ao Governo.
"O teste de algodão está no facto de que quando iniciei funções como primeiro-ministro, em novembro de 2015, a primeira decisão que tomei foi não reabrir nem questionar a decisão que o anterior Governo tinha tomado. Uma das principais conclusões desta Comissão Técnica Independente é que essa solução é uma das consideradas inviáveis e das piores classificadas em diversos itens dos fatores críticso de decisão. Por isso compreendo bem que o decisor político tenha de ter em conta um conjunto de constrangimentos relativamente àquilo que é a informação técnica, mas é muito positivo que tenhamos chegado aqui", acrescentou Costa.