Nova ronda. Pizarro reitera "equilíbrio", sindicatos insistem em melhores "condições"
O ministro da Saúde e os sindicatos falaram aos jornalistas antes de uma nova ronda de negociações.
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À entrada para a reunião com os sindicatos dos médicos, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirma que a sua principal preocupação é assegurar o aumento da "prestação de cuidados de saúde" e garante que o Governo vai debater com "boa-fé, espírito de compromisso e razoabilidade".
"A segunda preocupação é assegurar que resulta para reorganizar o Serviço Nacional de Saúde. A terceira preocupação é assegurar que resulta um equilíbrio do conjunto das profissões da saúde porque o SNS não vive sem médicos, mas também não vive sem enfermeiros, assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos superiores das mais diversas áreas. Todas estas medidas têm de ter razoabilidade e equilíbrio", afirmou Pizarro.
Do lado dos sindicatos, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, diz querer chegar a um acordo em que os profissionais de saúde se possam sentir confortáveis, não só em termos salariais mas também no que toca a condições de trabalho no SNS.
"O valor apresentado pelo ministro é 5%, inaceitável porque é menos do que o aumento médio dos salários da função pública este ano, em termos práticos. O que vem acontecendo é uma degradação do pagamento dos salários aos licenciados, nomeadamente em relação aos médicos. Como é que é possível um país admitir que não existam acessos às urgências? Ou que uma pessoa para ter uma criança ande de um lado para o outro quando pagamos impostos como nunca pagámos. Aceitámos a calendarização de uma forma perfeitamente responsável e esperamos que o ministro da Saúde não se esconda na dedicação plena para encontrar aqui soluções para o SNS", defende Roque da Cunha.
Para o responsável do SIM, os 30% desejados pelos sindicatos são "perfeitamente possíveis" durante um período calendarizado. No entanto recordou que este valor é negociável.
"O que não é negociável é um valor de 5,1% quando os médicos, nos últimos dez anos, perderam cerca de 20% de poder de compra, a inflação acumulada foi 20,2%, o aumento dos médicos foi cerca de 10%. Está nas mãos de um Governo que se regozija em Bruxelas de ter um superavit orçamental quando devia estar muitíssimo preocupado com as dificuldades que os portugueses têm tido de aceder aos cuidados de saúde, nomeadamente às urgências", acrescentou o secretário-geral do SIM.
Já a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) criticou o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, por "não ter sido capaz de um acordo digno e sem artimanhas escondidas nas cláusulas, com a justa atualização da grelha salarial para todos os médicos" do Serviço Nacional de Saúde.
Os sindicatos dos médicos e o ministro da Saúde vão voltar a encontrar-se esta terça-feira, após uma reunião no domingo que durou mais de nove horas e terminou sem acordo na madrugada de segunda-feira.
A contraproposta dos sindicatos apresentada ao Governo prevê um aumento salarial transversal de 30%. Em relação ao salário base, Manuel Pizarro disse que "a solução tem de se encontrar no seu equilíbrio" e que "o diálogo não está terminado".