Marcelo Rebelo de Sousa considera que as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, na Índia, sobre os juros da dívida e um novo resgate podem ser prejudiciais para o país.
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«Está tudo a fazer um grande esforço e de repente Rui Machete é apanhado na Índia e ele não é ministro das Finanças, aliás, que não arrisca nenhum número; ele não é ministro da Economia, que não arrisca nenhum número; ele não é ministro com a coordenação económica, ele não é economista, (... ) porque é que foi dizer, nós escapamos ao regate se tivermos 4,5% ou menos?», questionou Marcelo Rebelo de Sousa, no habitual comentário na TVI.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, afirmou no domingo, na Índia, que um segundo resgate «é evitável», desde que as taxas de juro a 10 anos igualem ou fiquem abaixo dos 4,5%.
Para o antigo presidente do PSD, um ministro dos Negócios Estrangeiros «não pode fazer afirmações destas». «Uma coisa é dizer numa conversa em privado, outra coisa é em público, na Índia, onde os mercados estão a abrir dentro de algumas horas», afirmou.
«Um ministro dos Negócios Estrangeiros não pode dizer isto. Os mercados e os observadores internacionais olham isto para e dizem: "para o Governo, para o primeiro-ministro, o número mítico é 4,5%. Se for acima, resgate. Se for igual ou abaixo não tem resgate"», acrescentou.
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa não vê consequências políticas destas declarações: «O primeiro-ministro não pode tirá-lo. Também não se pode evitar que ele viaje. Também não se pode evitar que ele fale. Nem sei que dizer e estou a ser de uma caridade cristã enorme, contra o que é o meu costume».