Declarações "graves e chocantes". Bloquistas condenam palavras de Marcelo sobre Catar
José Soeiro considera "infame" a desvalorização das mortes durante a construção do Mundial e Catarina Martins pede ao Presidente que reconsidere a ida ao Catar.
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O deputado bloquista José Soeiro condena as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o Catar, que considera "muito graves e chocantes".
Isto depois de o Presidente da República ter admitido que "o Catar não respeita os direitos humanos", apesar de preferir focar-se no futebol: "Toda a construção dos estádios e tal... mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa", afirmou o Marcelo Rebelo de Sousa, que vai assistir ao Portugal-Gana dia 24 de novembro.
"Desvalorizar-se completamente os milhares de mortos sobre os quais se fará este Mundial. Enfim... acho que é que é grave vindo do Presidente da República, e do ponto de vista do respeito pelos direitos humanos o mínimo dos mínimos é não se desvalorizar, não se menorizar aquilo que aconteceu."
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É "essencial que Portugal, e sobretudo as instituições portuguesas não fiquem em silêncio diante da violação dos direitos humanos no Catar. Não é um pormenor, não devemos silenciar que este campeonato do Mundo de futebol é feito sobre um conjunto muito grave de mortes, abusos, explorações laborais, violações de liberdades básicas, violações de direitos humanos".
Em declarações aos jornalistas em Lisboa, também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apelou ao Presidente da República que "reconsidere a ida ao Mundial", lembrando que "não se pode esquecer" que durante a construção das estruturas que vão receber o Mundial morreram mais de 6500 pessoas.
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"Não podemos esquecer nunca os direitos humanos, eu diria mais, é isso que diz a nossa Constituição. As relações internacionais de Portugal com o mundo pautam se pelo respeito dos direitos humanos", reforça.
O Bloco de Esquerda anunciou esta sexta-feira quer que a Assembleia da República condene publicamente as "inúmeras e reiteradas violações dos direitos humanos no Qatar".
O partido deu entrada no Parlamento de um projeto sobre o Mundial de Futebol de 2022, onde apela ainda que seja reconhecida a "discriminação das mulheres, a perseguição das minorias e dos opositores políticos, a exploração laboral e os maus-tratos a trabalhadores migrantes perpetrados no processo de preparação do Campeonato".
Numa nota enviada à TSF, o partido liderado por Catarina Martins apela ainda à Assembleia da República proponha ao Governo que não se faça representar no Mundial.