O líder do PS confrontou o PM com as consequências de «instabilidade» política resultantes da demissão do seu «braço-direito» no Governo, acusando Passos Coelho de nada liderar.
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A questão da demissão do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi levantada por António José Seguro no debate quinzenal na Assembleia da República e gerou um debate duro com Pedro Passos Coelho.
«Na quarta-feira, durante o debate da moção de censura do PS ao Governo, o senhor primeiro-ministro disse, com o ar de arrogância que o caracteriza, que o Governo estava mais unido do que o PS, mas quero dizer-lhe que nesta bancada [socialista] não há nenhum registo que alguém tenha abandonado por falta de força anímica. Estamos a falar do seu braço-direito no Governo», apontou Seguro.
Também para António José Seguro, o que aconteceu em torno da demissão de Miguel Relvas «deitou por terra o argumento demagógico» de Pedro Passos Coelho que a moção de censura apresentada pelo PS gerava instabilidade por se aproximar do momento em que o Estado Português terá de negociar o alargamento das maturidades da dívida pública.
«Na quinta-feira, o ministro dos Assuntos Parlamentares disse que já tinha acordado consigo a saída do Governo há semanas. O momento que escolheram para ele sair por falta de força anímica não queria instabilidade na negociação do Governo e não é um fator de irresponsabilidade e instabilidade?», questionou o secretário-geral do PS.
Pedro Passos Coelho respondeu a Seguro, elogiando a forma como Miguel Relvas desempenhou as funções de ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
Miguel Relvas «concretizou a sua saída no momento em que entendeu que o deveria fazer do ponto de vista pessoal e eu só posso respeitar essa sua decisão, mas a saída do ministro Adjunto não só não cria instabilidade no Governo, como não criará qualquer crise política no país. Essa é uma diferença grande para aquilo que tem sido o comportamento do secretário-geral do PS», disse.
O primeiro-ministro reiterou ainda uma ideia que transmitiu na quarta-feira: «Estamos mais coesos na coligação [PSD/CDS] e neste Governo do que a assombração que paira no PS».
Perante esta posição de Passos Coelho, o líder socialista endureceu o ataque, dizendo que o atual Governo dá uma imagem de «fragilidade e de decomposição» perante o país e os parceiros europeus» de Portugal.
«Não é só o facto de o ministro Adjunto ter anunciado a sua demissão e não ter sido anunciado o seu substituto, é também o facto de um secretário de Estado [Almeida Henriques], há semanas, ter também anunciado que tinha pedido a demissão mas só saia a 15 de maio. Mas isto é um Governo? O senhor primeiro-ministro não lidera nada», acusou o secretário-geral do PS.