Desmantelada rede de certificados falsos para entrar nas forças de segurança, autarquias e companhias aéreas
Além da falsificação de documentos, existe também a suspeita de tráfico de droga, mas a PSP descarta a hipótese de o objetivo ser infiltrar as forças de segurança.
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Após a detenção de oito pessoas, no âmbito da Operação Impressão, foi desmantelada uma rede que falsificava documentos que permitiram a dezenas de pessoas conseguir trabalho "em diversas instituições".
A investigação teve início com uma denúncia da existência de candidatos a frequentar a Escola Prática de Polícia que não possuíam o 12.º ano de escolaridade, tendo apresentado certificados de habilitação falsos aquando do processo de candidatura ao organismo.
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"A investigação surge de uma denúncia anónima efetuada para a escola prática de polícia da PSP, que nota que dois candidatos não serão possuidores do ensino secundário. Verificamos o estabelecimento de ensino e verificou-se que não tinham sido lá alunos, portanto, os certificados eram falsos e a partir daí iniciaram-se algumas diligências de investigação, que visavam perceber e conhecer quem comercializava este tipo de certificado e quem é que os produzia", explica o subintendente Filipe Silva, do departamento de Investigação Criminal da Direção Nacional da PSP, em declarações à TSF.
Entre os detidos estão dois candidatos à PSP, mas também os homens que anunciavam os documentos nas redes sociais, que chegavam a custar centenas de euros, e o próprio autor das falsificações.
Alguns dos detidos são também suspeitos de tráfico de droga, mas apesar disto, a PSP considera que o objetivo primordial de quem recorria a estes serviços era arranjar trabalho, ponde de parte a hipótese de que estes estariam a tentar infiltrar as forças de segurança.
"Ao longo da investigação, percebeu-se que, para além da falsificação de documentos, também em alguns momentos procediam ao tráfico de estupefacientes, mas neste momento não é algo que seja relevante ao nível da investigação", esclarece Filipe Silva.
O subintendente ressalva por isso que a entrada na PSP não era o único alvo dos falsos certificados de habilitações.
"Há documentação que sustenta claramente que [o suspeito] produziu um número muito mais elevado de certificados e que os comercializou. Por exemplo, uma junta de freguesia, para além das forças de segurança, setor privado temos companhias aéreas, por exemplo", revela, acrescentando que ao longo da investigação já foi possível apreender "mais de 20 certificados a pessoas que já se encontravam a trabalhar em diversas instituições".
Filipe Silva acrescenta igualmente que foram também produzidas "algumas justificações para ausências ao serviço", mas a maioria foi mesmo "certificados de habilitações literárias do 12.º ano".
Durante as buscas foram também apreendidos quatro computadores, 11 telemóveis, uma impressora, uma plastificadora, um carimbo, uma viatura, um revólver, mais de 200 munições de variados calibres, cinco granadas de instrução, duas granadas de mão, um bastão e 240 euros.