Dinheiro encontrado em gabinete de Vítor Escária "não tem nada a ver com algo ilegal"
Tiago Rodrigues Bastos refere que a descoberta de 75.800 euros no gabinete de Vítor Escária é um "facto metido a martelo" e nada tem a ver com os argumentos do Ministério Público.
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O advogado de Vítor Escária garante que os 75.800 euros que, de acordo com a SIC, terão sido encontrados no espaço de trabalho de chefe de gabinete do primeiro-ministro, em São Bento, estão relacionados com uma atividade profissional do passado. À entrada para o tribunal, Tiago Rodrigues Bastos acusou a comunicação social de estar a revelar o que, na leitura do advogado, são "factos metidos a martelo", que nada têm a ver com os argumentos do Ministério Público.
"É uma quantia que foi apreendida no gabinete do Vítor Escária, que se relaciona com a sua atividade profissional anterior às funções que exerceu. Essas explicações serão dadas ao tribunal e que constam destes autos apenas para causar uma impressão e esta discussão na praça pública, porque, se leram a indiciação, perceberão que é um facto metido a martelo e que não tem rigorosamente nada que ver com a tese do Ministério Público", defendeu Tiago Rodrigues Bastos, sublinhando que "não é crime ter nenhum quantitativo em numerário onde quer que seja e, por isso, essas explicações serão dadas no devido lugar".
O advogado do chefe de gabinete do primeiro-ministro assegurou ainda que este dinheiro não está ligado a nenhuma atividade ilegal.
"Parece-me importante que não se desvie a conversa e não se desvie o objeto dos autos para um facto que é absolutamente lateral, que não tem rigorosamente nada que ver com a imputação como ela está desenhada", referiu.
Tiago Rodrigues Bastos assegurou que o dinheiro "não tem nada a ver com algo ilegal".
A operação Influencer, do Ministério Público, assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.
Segundo documentos a que a Lusa teve acesso, Lacerda Machado terá usado a sua amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.
Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um 'data center' na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
Deste caso, decorre uma investigação autónoma ao primeiro-ministro, no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados, o que levou António Costa a apresentar a sua demissão ao Presidente da República.