Dissolução da AR? Marcelo pede a partidos para garantirem estabilidade e evitarem "más notícias"
O Presidente da República admitiu que, em caso de "descontinuidade" do poder político, há matérias em que deveria haver "pactos de regime".
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu esta sexta-feira à tarde em Braga a todos os partidos que façam o que puderem para garantir a estabilidade e evitar más notícias.
No encerramento de uma conferência com uma plateia de banqueiros à frente, o chefe de Estado nunca referiu a dissolução da Assembleia da República, mas afirmou que espera estabilidade para não ter de tomar uma decisão só dele e acrescentou que não quer más notícias, mas que estas às vezes são inevitáveis, apelando a todos os responsáveis políticos para não lançarem pedras para a engrenagem.
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"Tudo o que os interessados - e os interessados aqui serão os responsáveis políticos - puderem fazer, dos vários lados, para facilitar a tarefa dos empresários, não introduzindo fatores de instabilidade, imprevisibilidade e insegurança num período tão crucial como este que estamos a viver, todos nós agradecemos. Agradecem os cidadãos e agradece o Presidente da República que fica dispensado de uma decisão que é sua, só sua, e livre. Seria uma má notícia e nós, normalmente, dispensamos as más notícias. Ter de introduzir um fator adicional político, complementar, a meio deste período de execução de fundos e de enfrentamento da situação económica e financeira existente. Às vezes têm de haver más notícias. O ideal é que não haja. Se tiver de haver, que seja o mais tarde possível, com o mínimo de custos em termos de instabilidade. Nesta predisposição penso que a sensatez fará com que também aí não tenham, no imediato, mais uma preocupação na nossa vida", avisou Marcelo no encerramento da iniciativa Millennium Talks.
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O chefe de Estado admitiu, que, em caso de "descontinuidade" do poder político, há matérias em que deveria haver "pactos de regime, para que a todo o momento fosse possível, junto de cada decisor político, em cada instância de poder, haver um decisor sombra para o caso do primeiro ser substituído pelo segundo".
"Nós sabemos que isso não acontece em Portugal. Não só não há governo sombra, como não é uma tradição, com raras exceções, como não há uma capacidade de equacionar, em termos transversais, aquilo que são decisões que tocam no dia a dia os empresários", acrescentou.
Sobre o PRR, Marcelo disse que constitui "uma grande oportunidade, mas não tão grande como foi dito em período eleitoral".
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"Já se sabe como são os políticos, em período eleitoral transformam em bazuca aquilo que é uma arma razoavelmente simpática, até pela sua irrepetibilidade. É uma forma de expressão enfática própria do calor dos comícios", referiu.
Para Marcelo, o PRR será uma "semibazuca, mais bazuca ou menos bazuca conforme a capacidade que houver na sua utilização".
No entanto, manifestou-se convicto de que estes serão os fundos europeus "percentualmente mais utilizados de sempre", sobretudo pela consciência da sua irrepetibilidade.