PS nega contradição na TAP: é "uma questão de linguagem" e PSD usa "arma dos populistas"
João Torres adianta que o primeiro-ministro não vai falar sobre o caso por ter "sentido de Estado", respeitar as instituições e porque não lhe compete comentar "cada desenvolvimento" da Comissão Parlamentar de Inquérito.
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O secretário-geral adjunto do Partido Socialista, João Torres, defendeu esta sexta-feira que não houve qualquer contradição entre membros do Governo sobre a documentação que fundamenta os despedimentos de Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja da TAP, resume o episódio a uma "questão de linguagem, uma questão vocabular, uma questão de semântica" e acusa o PSD de estar a enveredar pelo "populismo".
"Não façamos de uma questão semântica uma contradição que não existe. Não façamos de uma questão semântica uma matéria que verdadeiramente não interessa às pessoas. Essa é a arma dos fracos, é a arma dos populistas e é nisso que o PSD está a alicerçar a sua oposição no nosso país", acusou o dirigente socialista em conferência de imprensa, quando questionado sobre se o primeiro-ministro, António Costa, deve explicações ao país.
Sem responder que sim ou não, João Torres assinalou que compete ao primeiro-ministro "ter sentido de Estado" e respeitar "as instituições e o papel que cada uma desempenha no regime democrático", ao invés de comentar "cada desenvolvimento" da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a TAP.
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Para o PS, Luís Montenegro está "absolutamente desesperado pela impreparação que todos lhe reconhecem" e o PSD vê-se "transformado num vazio de ideias". E sendo que, defendeu Torres, "o desespero é mau conselheiro", Montenegro "deve ter responsabilidade de assumir o papel que lhe compete: o de líder da oposição".
Esta sexta-feira, o líder do PSD insistiu que o primeiro-ministro não pode estar calado sobre a polémica em torno do parecer para os despedimentos na TAP.
"Quero instar António Costa a falar ao país porque das duas uma: ou António Costa está envergonhado com tudo aquilo que se está a passar e, nesse caso, é melhor assumir do que estar a protelar essa situação por muito mais tempo. Ou então António Costa está comprometido e tem de assumir as suas responsabilidades. Não podemos é ter um primeiro-ministro que está a fazer de conta que não acontece nada ao seu lado, dentro do seu Governo. Temos de concluir que este Governo não tem emenda", afirmou.
Para Montenegro, o Governo está num "confusão total" ao ver-se Costa aceitar "que a ministra dos Assuntos Parlamentares diga uma coisa, o ministro das Finanças diga outra, o ministro das Infraestruturas também assobie para o lado e nem sequer tenha homologado a deliberação que foi à assembleia-geral da TAP e a ministra da Presidência a corroborar a ministra dos Assuntos Parlamentares".
"Se o primeiro-ministro acha que ainda não há matéria para se pronunciar, isso só pode significar cobardia política, medo e falta de liderança, e isso é muito mau para ele, para o Governo e para o país", acrescentou.
Numa reação mais direta a estas declarações, João Torres classificou-as de "absolutamente inaceitáveis" e acusou Montenegro de "faltar reiteradamente à verdade perante os portugueses".
O socialista atirou também que o PSD tem "falhado todos os seus objetivos" na CPI à TAP, pelo que "não tem restado outra alternativa senão a de inventar manobras de diversão a todo o custo" com um "propósito claro e objetivo: ocultar a ruinosa privatização da TAP, que um Governo do PSD operou à 25.ª hora num momento de saída do Governo e sendo uma matéria sobre a qual ainda não prestou os devidos esclarecimentos."