Efeitos "devastadores". Qual o impacto de um sismo como o de Marrocos em Portugal?
O especialista em reabilitação estrutural José Paulo Costa diz que, para "evitar uma catástrofe", os edifícios e os hospitais portugueses deveriam ser "reforçados".
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José Paulo Costa, especialista em reabilitação estrutural, avisa que se houvesse um sismo em Portugal, da mesma dimensão do de Marrocos, teria um efeito destrutivo devido à fragilidade das construções. O especialista aconselha os governantes a preparem o país para um futuro sismo, desde logo, reforçando hospitais e habitações.
"Se acontecesse hoje em Portugal, o sismo, infelizmente, iria afetar o Sul todo do país de uma forma devastadora", garante à TSF José Paulo Costa.
Portugal ainda não está preparado para um eventual sismo de grande dimensão, apesar dos avanços dos últimos anos. Um sismo não se pode prever, mas a função dos governantes, diz José Paulo Costa, é preparem o país.
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"Devíamos aproveitar o tempo que temos até ao próximo sismo, pode ser pouco ou muito, ninguém sabe, para preparar Lisboa para um sismo e isso era, por exemplo, reforçar os hospitais", defende, sublinhando que o cenário na capital pode ser crítico: "Se houver hoje um sismo em Lisboa, o hospital de São José cai, o hospital de Curry Cabral cai, o hospital de Santa Maria fica inutilizado e isto pode ser evitado."
"Nós não podemos evitar um sismo, ninguém pode evitar um sismo, podemos evitar a catástrofe que vem associada a um sismo, fazendo, estrategicamente, algumas obras", afirma o especialista.
José Paulo Costa participou no reforço do Viaduto do Fonte Nova, na Segunda Circular, para o tornar mais seguro a sismos e aconselha a que se faça o mesmo noutros locais.
"Se houver um sismo intenso, os viadutos da Segunda Circular ficam todos inutilizados, deixa de ser possível transitar e então fez-se para a Câmara de Lisboa o primeiro isolamento sísmico de base de um viaduto em Portugal que consiste em cortar os pilares do viaduto e pôr uns dispositivos. O sismo é um deslocamento no solo terreno e este viaduto da Segunda Circular agora está isolado do solo. Se houver um sismo, não sofre danos", explica, recordando que a obra custou 500.000 euros.
"Deviam fazer isso nos outros viadutos todos da Segunda Circular", frisa.
O último balanço provisório do terramoto que atingiu Marrocos na sexta-feira à noite aponta para 2012 mortos e 2059 feridos, dos quais 1404 em estado grave
No total, 1293 pessoas morreram na província de Al Haouz e 452 na província de Taroudant, ambas a sul de Marraquexe
O tremor de terra, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7.0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) registou a magnitude do sismo em 6.8.