Sismo em Marrocos. Socorristas procuram "bolsas de vida", mas sobreviventes nas aldeias dizem-se "esquecidos"
Marrocos só aceitou a ajuda de quatro país "nesta fase": Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos.
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Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos estão a ajudar Marrocos nas operações de busca e salvamento depois do sismo de magnitude 7.0 que atingiu a região de Marraquexe na sexta-feira à noite.
No terreno já está já uma equipa espanhola com 56 socorristas e quatro cães e devem em breve chegar ao país mais 30 operacionais e quatro cães. Londres também enviou 60 socorristas e quatro cães, enquanto França anunciou uma ajuda de cinco milhões de euros para as ONG presentes em Marrocos.
O balanço de vítimas mais recente aponta para 2122 mortos e 2421 feridos, mas mantém-se a esperança de encontrar sobreviventes nos escombros.
Apesar de a Cruz Vermelha ter avisado que o período critico seria de 48 horas, as equipas têm esperança de encontrar as apelidadas "bolsas de vida" - pequenas câmaras de ar entre casas que desabam.
Mas nas aldeias isoladas, os sobreviventes dizem-se esquecidos. "Fomos esquecidos. É como se não existíssemos no mapa", lamenta Omar Ait Said, citado pela agência EFE um sobrevivente que teve de atravessar a pé 13 quilómetros nas montanhas até à estrada principal para pedir ajuda depois de uma mulher ter dado à luz na rua, sozinha, em cima de um pedaço de plástico.
Outros feridos, incluindo o pai deste homem, não receberam ainda qualquer assistência médica e tiveram de ser vizinhos a enterrar quatro corpos que foram encontrados na aldeia. Além disso continua a faltar comida e abrigos para quem perdeu tudo no terramoto.
"Pedimos tendas às autoridades, mas nada chegou", lamentou em declarações à AFP El-Machmoum, outro sobrevivente numa aldeia. "Estamos a dormir no chão, ao frio. Os adultos conseguem lidar com esta situação mas as crianças não."
Vários países já se mostraram disponíveis para ajudar, incluindo Portugal, mas continuam à espera de indicações das autoridades marroquinas.
António Costa disse este domingo que Portugal tem equipas de Proteção Civil e medicina legal em estado de prontidão e que o Governo continua a acompanhar a situação dos portugueses que se encontram em Marrocos.
No sábado foi realizada uma operação de transferência de cidadãos nacionais que se encontravam em Marrocos e que manifestaram a sua intenção de regressar, permitindo resgatar cerca de 140 portugueses.
O terramoto, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, atingiu uma magnitude de 7.0 na escala de Richter e foi sentido em Portugal e Espanha.