Ensino particular alerta para injustiça nos vales para manuais escolares gratuitos
Associação de estabelecimentos privados e cooperativos alerta para a ilusão de que "no ensino privado há só ricos".
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No dia em que começaram a ser emitidos os vales para aquisição de manuais escolares para alunos do 1.º ciclo, 8.º e 11.º anos, a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) insiste que a exclusividade da medida para o ensino público é uma injustiça.
Em declarações à TSF, o diretor executivo da associação lamenta a falsa perceção de que "no ensino privado há só ricos", apesar de compreender "que a população em geral possa estar mal informada".
"Manifestamente, o Governo não pode estar tão mal informado a esse nível e sabe que há muitos alunos com dificuldades financeiras a frequentar o ensino particular ou cooperativo que beneficiam de sistemas de bolsas e outros apoios que os colégios arranjam", argumenta Rodrigo Queiroz e Melo.
O responsável defende que, a ser preciso encontrar "todo o apoio" para os alunos em questão, há "menos possibilidade de apoio mais alunos que precisem".
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"É absurdo em Portugal, no século XXI, no país com as dificuldades que tem, estarmos a dar livros e computadores a alunos que, financeiramente, têm já livros e computadores - os com capacidade financeira, que também há os muitos no ensino público - e estamos a negar esses apoios aos alunos com capacidade financeira e que estão no ensino particular e cooperativo", assinala.
Nos últimos anos, a associação tem tentado que o Parlamento altere a lei de modo que seja igual para todos os alunos, mas sem sucesso, pelo que conta ser ouvida pelos grupos parlamentares a partir de setembro.
"Queremos ver se, desta vez, conseguimos propostas que sejam aprovadas", adianta o responsável, assinalando que "a grande questão é mesmo ao nível parlamentar" e, em específico, tem a "absoluta necessidade do apoio do PS" devido à maioria parlamentar de que dispõe.