Ministro do Ambiente não vê a empresa como uma pedra no sapato do Governo, que diz estar "concentrado" em responder às "principais preocupações do país".
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O ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, defende que a relação do Governo com a TAP e os episódios em torno da companhia aérea "não são relevantes na vida dos portugueses" e que as vidas política e nacional do país "não se resumem" a estes.
Em declarações aos jornalistas, o ministro considerou haver um "desvio da atenção" pública para "assuntos que não são tão relevantes na vida dos portugueses", mesmo que sejam destacados "todos os dias".
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"É como se a vida política ou a Vida nacional se resumisse a outros assuntos, como a relação com uma empresa em particular, [que] não se resumem", defendeu o governante, acrescentando tratar-se apenas de "episódios que têm de ser tratados com a devida importância".
Questionado sobre a TAP tem sido uma "pedra no sapato" do Governo, o ministro do Ambiente respondeu que o executivo está apenas "concentrado em tentar procurar responder àquilo que são as principais preocupações na vida dos portugueses".
Eólica marítima e hidrogénio para a autonomia energética
O ministro do Ambiente mostrou-se convicto de que o desenvolvimento do hidrogénio e da energia eólica marítima vão permitir baixar a dependência energética do país.
Duarte Cordeiro disse que o governo está a acelerar o processo do licenciamento da produção de energia solar e de renovação de torres eólicas com maior produtividade, a apoiar a produção de energia a partir do hidrogénio e a contar com a produção eólica marítima para atingir 80% de renováveis até 2026.
"Portugal até já conseguiu uma autonomia de 70%, mas sabemos que isso ocorre sobretudo no outono e inverno, quando há vento e as barragens estão cheias e a eólica do mar pode garantir a produção durante todo o ano", explicou.
O governante falava na inauguração da central fotovoltaica da empresa cerâmica Revigrés, que passa a fornecer cerca de 20% da energia consumida por aquela indústria no seu processo produtivo, num investimento superior a 14 milhões de euros, apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e financiado em 50% por capitais próprios, como vincou Paula Roque, da administração da empresa.
"A Revigrés é um exemplo a todos os níveis e já o era antes mesmo do PRR, porque tinha uma capacidade grande de reaproveitamento dos recursos no seu processo produtivo", elogiou o ministro, que momentos antes viu aquela empresa de Águeda anunciar que tenciona avançar também com uma central de hidrogénio para depender menos do gás natural.
Duarte Cordeiro aproveitou a visita à Revigrés, onde estava a ser ouvido por vários industriais, para lembrar que as consequências da guerra da Ucrânia se fizeram sentir na subida dos preços da energia, que o Governo procurou amortecer.
"Temos tido um conjunto de mecanismos para reduzir os preços, como o famoso mecanismo ibérico, o investimento que fizemos de 4,5 mil milhões de euros para reduzir as tarifas de acesso às redes, que têm permitido no mercado liberalizado os preços mais baixos dos últimos nove anos e que permitiu também que o preço da eletricidade no mercado regulado baixasse 3% em abril, e ainda o mecanismo que adotámos para as empresas que consomem mais de 10 mil metros cúbicos de gás, que nos tem permitido, desde o início do ano, reduzir o preço do gás em cerca de 26%", exemplificou.
"Temos hoje instrumentos que nos garantem que os preços não vão subir muito ao longo do ano e estamos a fazer as duas coisas: a acelerar a introdução de energias renováveis que nos permitem ter garantias de preços baixos no futuro e, ao mesmo tempo, a aplicar um conjunto de instrumentos que nos permitem conter os preços dos mercados, evitando que sejam afetadas as famílias e as empresas", concluiu.