Exames nacionais digitais do ensino secundário avançam este ano em projeto-piloto
O presidente do IAVE garante que assumirá as responsabilidades caso alguma coisa não corra bem com o processo das provas nacionais em formato digital.
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Em entrevista exclusiva à TSF, o presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), Luís Pereira dos Santos, garantiu que o organismo está preparado para ter as provas em formato digital e adiantou que o projeto-piloto vai testar os exames nacionais do ensino secundário, neste formato, já este ano.
Luís Pereira c, licenciado em Ensino da Física e Mestre em Metodologia do Ensino das Ciências, na especialidade de Didática das Ciências, é presidente do IAVE desde 8 de fevereiro de 2019.
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"Houve um piloto para as provas finais de ciclo do 9.º ano, que como todos os pilotos, mostrou-nos algumas fragilidades, e ainda bem que nos mostrou porque quando formos agora analisar, já sabemos também o que é que pode correr mal, e também o que é que correu bem. Já sabemos o que é que temos de afinar para, agora, em 2024, e de acordo com o cronograma, generalizarmos as provas de final de ciclo. Estamos ainda a analisar os dados com muito cuidado. Nós não queremos avançar e cumprir o cronograma de forma cega [...]. Queremos avançar de uma forma muito segura. Neste momento, o que posso dizer é que estamos convictos que o cronograma vai ser cumprido, ou seja, vamos ter a generalização das provas finais do 9.º ano e, também, se tudo correr bem, que está a correr neste momento, não razões para que isso não aconteça, vamos ter um piloto muito restrito dos exames nacionais do ensino secundário. E este é um salto que, por muito que consideremos que todas as avaliações têm a sua importância, que têm, os exames nacionais têm um peso mais forte por causa do acesso ao ensino superior", adianta Luís Pereira dos Santos.
Ainda assim, o presidente do IAVE reconhece que nem todas as provas podem ser, nesta altura, feitas neste formato, e algumas poderão até nunca vir a ser feitas no futuro em formato digital.
Luís Pereira dos Santos sublinha que "há exames que, por enquanto, não será possível fazê-los em suporte digital. E a Geometria Descritiva é um desses casos, porque o objeto de avaliação implica que os alunos desenhem com todos os instrumentos da geometria. O desenho é um objeto de avaliação. Faz parte dos critérios de avaliação [...]. No entanto, já um aspeto positivo. Essa prova será digitalizada, e será feito o upload para o sistema, e o processo de classificação vai ser feito online, o que nos traz grandes vantagens".
No entanto, o facto de as provas serem feitas em formato digital tem sido alvo de alguma polémica. No entanto, para o presidente do Instituto de Avaliação Educativa, as vantagens de os exames serem feitos neste suporte são várias.
"O digital permite termos itens interativos, permite que os alunos tenham à sua frente itens que são simulações de situações reais, podemos ter suportes de vídeo, suportes áudio, tudo à disposição do aluno para responderem às tarefas e aos itens que o IAVE propõe. Podemos fazer esta mudança, esta melhoria, na elaboração das provas. Mas é tudo feito de forma muito gradual", reconhece Luís Pereira dos Santos que, revela ainda, que este suporte "garante uma maior equidade entre os alunos, porque o processo de classificação das provas, que é supervisionado pelo IAVE, tem, pela sua natureza, algumas fragilidades, porque são muitos professores a aplicarem critérios de classificação, e, por vezes, por muito específicos que sejam, há sempre uma componente muito subjetiva nessa aplicação de critérios, e, com o digital, essa subjetividade vai ser minorado, porque os professores não vão classificar provas inteiras, vão especializar-se em alguns itens da prova, e conseguem ser mais consistentes na aplicação dos critérios, e podemos ter técnicas muito interessantes no digital, que é termos segundas, terceiras classificações, ou seja, sem o sistema perceber, os mesmos itens serem distribuídos a vários classificadores".
Luís Pereira dos Santos garante que tudo está preparado para que a operação das provas digitais vá para a frente nos vários níveis de ensino, nomeadamente nas conclusões dos vários ciclos. No entanto, o presidente do IAVE adianta que está preparado para assumir todas as responsabilidades, caso alguma coisa falhe.
"O presidente do IAVE tem de assumir sempre as suas responsabilidades. Não tenho a mínima dúvida, e nós nunca fugimos às nossas responsabilidades. Mais do que isto não posso dizer. Agora, há riscos em tudo o que fazemos. Eu costumo dizer aos meus colegas que fazem as provas: não queremos errar, mas não podemos ter medo de errar porque, senão, não evoluímos. Nós só evoluímos se errarmos e aprendermos com os nossos erros. Agora, temos que assumir as responsabilidades, isso sem dúvida nenhuma. E o presidente do IAVE assumirá essas responsabilidades", remata Luís Pereira dos Santos.