FNE pede horários completos para professores estagiários. Ministério diz que está previsto
Os estágios serão de 12 horas letivas por semana, mas, caso as escolas necessitem, esses professores poderão acumular horas até ao horário completo.
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A Federação Nacional de Educação (FNE) defendeu esta segunda-feira que os professores estagiários devem ter um horário completo e que o tempo de estágio deve ser contabilizado para efeitos de progressão na carreira.
A proposta de um novo regime jurídico de habilitação profissional dos docentes "tem aspetos positivos e negativos", defendeu esta segunda-feira o secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, no final de uma primeira reunião negocial com responsáveis do Ministério da Educação (ME).
O projeto de decreto-lei apresentado aos sindicatos prevê que os estagiários voltem a ter estágios remunerados, uma prática que foi abolida no início do século, quando era ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Fonte do Ministério da Educação esclareceu à TSF que os estágios serão de 12 horas letivas remuneradas pagas no proporcional do índice 167 (1.604,903 euros). O que aplicado às 12 horas de estágio corresponde a um salário de 802,45 euros. No entanto, dependendo da necessidade de cada escola, os estagiários podem acumular horas de trabalho até ao limite do horário completo. O que perfaz os tais 1.604,903 euros. Contudo, estas horas não serão contabilizadas como estágio nem avaliadas como tal, ou seja, é trabalho normal e pode contar para o tempo de serviço dos professores.
A proposta do Ministério da Educação deverá ser aprovada ainda em 2023 e entrar em vigor no próximo ano letivo, permitindo "dar resposta à falta de professores nas escolas", sublinhou Pedro Barreiros, apontando este como "um aspeto positivo".
Entre os pontos negativos, o secretário-geral da FNE defendeu que "os estagiários deveriam ter um horário completo e não de apenas 12 horas", porque precisam de tempo para preparar as aulas.
Na reunião com o secretário de estado da Educação, Pedro Barreiros defendeu ainda que o tempo de estágio deveria ser contado para efeitos de concurso e de progressão na carreira.
A proposta do ministério prevê a criação de núcleos de estágio nas escolas e que os orientadores de estágio terão direito a uma redução da sua componente letiva, num limite máximo de quatro horas, consoante o número de estagiários que acompanham.
Este é outro dos pontos com que a FNE discorda. Pedro Barreiros considera ser insuficiente o número de horas da redução de componente letiva previsto.
A proposta do Governo prevê que os alunos de mestrado passam a ter um estágio no segundo ano letivo que é remunerado de acordo com o índice que um professor no 1.º escalão da carreira.
Esta é mais uma medida para atrair os jovens para a carreira docente e assim dar resposta à crescente falta de docentes nas escolas, em especial nas zonas de Lisboa e no sul do país.
O Ministério da Educação quer que o acesso ao mestrado em ensino possa ser feito por estudantes que concluíram a licenciatura, mas também por detentores dos graus académicos de mestre e doutor nas áreas científicas abrangidas pelo respetivo grupo de recrutamento.
A proposta dá também mais autonomia às instituições de ensino superior para que possam ter mais poder na definição do número de créditos das licenciaturas que dão acesso ao ensino.
O projeto de decreto-lei abrange também os educadores de infância que, no próximo ano letivo, poderão estar a fazer o seu estágio em creches, segundo a proposta da tutela que permitirá apoiar o aumento do número de vagas para as crianças anunciado pelo ministério da Solidariedade Social.