No concelho de Águeda, existem várias aldeias em que as comunicações estão ainda complicadas. Houve, pelo menos, uma antena de telemóveis que ardeu, o que dificulta os contactos.
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No concelho de Águeda, existem várias aldeias em que as comunicações estão ainda complicadas. Houve, pelo menos, uma antena de telemóveis que ardeu , o que dificulta os contactos. Há zonas ainda sem eletricidade, apesar de haver vários piquetes da EDP a tentar fazer as possíveis reparações. Há também aldeias, por exemplo A-dos-Ferreiros, que estão a ser abastecidas de água pelos bombeiros.
O momento de maior aflição viveu-se ao início da tarde na aldeia de Massadas, na freguesia de Castanheira do Vouga. "Anda pertinho da casa do meu filho", gritava uma habitante que pensava, tal como os bombeiros que o pior ali já tinha passado. "Tinham-no apagado e pensavam que já estava. Deve ter sido um reacendimento", acrescenta, correndo com um regador na mão e uma máquina de sulfatar às costas. A ideia, confessa, é a de poder apagar possíveis fagulhas que vêm pelos ares e que possam acender novos focos.
Antes mesmo da chegada dos bombeiros, os populares saíram à rua com mangueiras, baldes, e tratores carregados com pequenos tanques para fazer o combate que estava ao seu alcance. "Parece impossível. Ontem a minha casa não ardeu porque me ajudaram com um trator", diz outra moradora enquanto salvaguarda que os dois sobrinhos, menores, saíam de casa em segurança para se abrigarem mais longe das chamas.
Os populares reconhecem que o fogo tem várias frentes e que os bombeiros estão no limiar da exaustão, mas clamavam pela vinda dos soldados da paz, impacientes e indignados pela ausência de carros e meios na aldeia que via o fogo a aproximar-se.
Mas, os bombeiros acabaram por chegar e, apoiados por dois meios aéreos, que controlaram as chamas que ameaçavam as primeiras casas de Massadas.
O final de tarde vai ser de prevenção, quer para bombeiros, quer para populares. "Desde as seis da manhã que andamos a apagar com um trator. Fomos nascidas e criadas aqui e vivemos disto."
Esta noite, em Massadas vai ser difícil dormir, confessam. Teresa Almeida contou à TSF que não vai "pregar olho", porque "pode haver reacendimentos, tem sido a toda a hora. Se não baixar a temperatura e se se levantar vento que é o que está previsto".
O vento não tem ajudado. É por vezes intenso e muda várias vezes de direção.
Os bombeiros estão exaustos. Ao longo das dezenas de quilómetros de área ardida, a TSF encontrou caras cansadas, vários a tentar descansar, deitados na borda da estrada, nos poucos momentos em que o fogo dá tréguas.
Idosos retirados voltam ao lar de A-dos-Ferreiros
São muitos os quilómetros de área ardida no concelho de Águeda. Percorrendo a N333, que liga a cidade à A25, o cenário é desolador. Placas de trânsito queimadas ou derretidas pelo calor, à esquerda ou à direita tudo cinzento, tudo queimado. A aldeia de A-dos-Ferreiros é uma ilha no meio de mato queimado, sobretudo de eucaliptos.
O fogo que rodeou a aldeia deixou um rasto de estragos para trás: casas queimadas, animais mortos, jardins destruídos, hortas queimadas e ardeu por completo um armazém de materiais de construção civil. Os idosos evacuados, ontem, do Lar Senhora da Esperança, onde o fogo entrou no recinto da instituição, voltaram ao final da manhã, depois de terem passado a noite na Santa Casa da Misericórdia de Águeda.
Isabel Dias, a presidente do Lar, refere que estão a tentar "lentamente voltar à normalidade", agradecendo a prontidão dos bombeiros, dos funcionários e do autarca de Águeda, que "tudo fez para nos apoiar na deslocação dos idosos".
Pelo contrário, lança críticas ao Presidente da Junta de Freguesia que "nunca esteve presente e negou-nos inclusive água do depósito que foi cheio pelos bombeiros. Disse que era para os fontanários da aldeia". Ainda assim, disse à TSF, que os idosos da instituição estão beber água, pois "os bombeiros carregaram também uns depósitos que improvisámos", admite.