"Foi uma opção que fiz muito novo na minha vida: virei revolucionário profissional"
Sem complexos em admitir que o partido tem problemas de comunicação, Paulo Raimundo vê uma realidade em que as posições "têm de ter 140 carateres" e quer um PCP pronto para "melhorar muito" nesse campo.
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Paulo Raimundo assume-se um "revolucionário profissional". O novo secretário-geral do PCP, que já foi operário, padeiro e funcionário do partido, não tem reservas em definir-se, perante o microfone da TSF, na sede do partido em Lisboa.
"Foi uma opção que fiz muito novo na minha vida, virei revolucionário profissional", explica Paulo Raimundo, sem esconder a "experiência de trabalho vivida em condições muito diferenciadas". Sente que o ajudou - "não limitou, pelo contrário" - a ter o "dia a dia de hoje"
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A iniciar agora um percurso na liderança do partido, não tem problemas em admitir os erros que têm sido cometidos. "Não temos, ao contrário do que se diz por aí, nenhum problema em identificar as nossas dificuldades, debilidades e erros, que também os temos", com uma "única diferença" para os outros partidos: "É que os nossos erros são para todos. Se corre mal, corre mal para todos, se corre bem, corre bem para todos."
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Num momento em que o PCP enfrenta também acusações de estar parado no tempo, Paulo Raimundo assume querer que o partido melhore a comunicação, em especial nos tempos que correm. "As posições têm de ter 140 carateres, não é?", atira.
"Às vezes talvez não seja exatamente pelo nosso conteúdo, proposta ou afirmação, mas por uma exigência que se coloca hoje, que o que vale é o número de carateres e não propriamente a profundidade da proposta ou da intervenção", lamenta. E por isso, o partido precisa de "melhorar muito na comunicação".
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"Temos de melhorar, claro. Se não melhorarmos, paramos. E como eu acho que não parámos no tempo, ao contrário do que dizem, estamos muito à vontade", garante.
Mantendo o foco do partido na defesa dos trabalhadores, e confrontado com a luta na Autoeuropa, que separou a Comissão dos Trabalhadores dos sindicatos, Paulo Raimundo confia que "os trabalhadores resolverão isso como resolvem sempre, isso é uma garantia".
"Ninguém faz a luta dos trabalhadores pelos trabalhadores. Ninguém faz a luta dos sindicatos sem serem os próprios sindicatos. E ninguém encontrará as melhores formas de luta em cada sítio e em cada local a não ser os trabalhadores com as suas estruturas", avalia. Nisso, o partido não "mete palha nenhuma".
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"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para manter a unidades dos trabalhadores. Se há coisa que dá força aos trabalhadores é a sua unidade e não é por acaso que o próprio patronato procura sempre dividir. O que fará a CGTP e o que farão as comissões de trabalhadores é com eles", remata.