Valor da venda ainda não está fechado, mas o Governo acredita que vai conseguir recuperar todo o dinheiro investido pelo Estado.
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O Governo aprovou esta quarta-feira a proposta da alemã Mutares - especialista em recuperação de empresas em dificuldades - para a privatização da Efacec, anunciou esta quarta-feira o ministro da Economia, António Costa Silva.
"Hoje decorreu um Conselho de Ministros eletrónico que seleciona a proposta apresentada pela alemã Mutares para a privatização da Efacec", afirmou o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, em conferência de imprensa, em Lisboa.
O negócio deve ser fechado nos próximos dois meses, faltando apenas a aprovação da União Europeia, em particular da direção-geral da concorrência.. O valor da venda ainda não está fechado, mas o Governo acredita que vai conseguir recuperar tudo o que investiu.
"Até agora, o Estado colocou 132 milhões de euros [na Efacec], mais 85 milhões de euros em garantias", indicou António Costa Silva, em resposta aos jornalistas, referindo ter "grande expectativa" de que o valor pode ser recuperado.
Em 10 de maio, o ministro da Economia tinha rejeitado a ideia da venda da Efacec "por peças", esperando uma "solução equilibrada" para a empresa.
"Recuso liminarmente a venda por peças ou em partes. Nunca foi esse o projeto. [A ideia] é vender a totalidade da empresa, mas assegurar a sua continuidade em Portugal", referiu António Costa Silva na comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
O governante assegurou hoje que a proposta foi "meticulosamente analisada", garantindo que esta dá ao executivo "conforto" quanto ao futuro e manutenção da Efacec enquanto "um grande projeto industrial e tecnológico".
Costa Silva destacou que a Mutares tem no seu 'core business' (negócio principal) apostar em empresas com dificuldades, apresentando resultados positivos.
Nos últimos anos, a empresa alemã realizou 75 operações deste tipo "com elevado sucesso", apontou, acrescentando que a Mutares conta com uma equipa de 125 pessoas, sobretudo engenheiros.
O titular da pasta da Economia justificou a escolha desta empresa com o projeto industrial apresentado, que mantém também os trabalhadores da Efacec.
"Eles estudaram a empresa e querem apostar no seu desenvolvimento nos mercados alvo para alavancar o seu volume de negócios, nomeadamente a Alemanha e os Estados Unidos", referiu.
O ministro explicou que a Mutares identificou quatro grandes produtos na Efacec, nos quais será assente a estratégia da empresa: os transformadores, aparelhos e equipamentos, soluções de automação e mobilidade elétrica.
Por outro lado, a alemã apresentou um mecanismo de partilha de valor, que vai permitir ao Estado português recuperar o investimento na empresa.
O também gestor considerou que o ponto mais sensível é a negociação que a Mutares terá que fazer com os credores financeiros da Efacec, sendo que alguns "já deram sinais de querer participar" neste esforço.
"A minha mensagem é de grande serenidade e agradecimento à equipa da Parpública e consultores por este trabalho meticuloso. Penso que chegámos a bom porto na seleção desta proposta que nos dá conforto e convicção", concluiu.
Presente na mesma sessão, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, sublinhou a "grande satisfação" do Ministério das Finanças e agradeceu também à Parpública o "enorme empenho" nesta solução.
No dia 11 de abril, a Parpública anunciou ter recebido propostas vinculativas melhoradas de quatro candidatos à compra de 71,73% da Efacec, no âmbito do processo de reprivatização da empresa.
As propostas vinculativas melhoradas foram apresentadas pela Mutares, Oaktree, Oxy Capital e Agrupamento Visabeira-Sodecia.
A informação divulgada revelou que a Mota-Engil Capital, S.A., uma das cinco empresas que tinha feito proposta na primeira fase, não apresentou a chamada 'Best and Final Offer' (BAFO).
A resolução que determinou a abertura da segunda fase da venda da Efacec foi aprovada pelo Conselho de Ministros em 02 de março.
O Governo aprovou em novembro do ano passado um novo processo de reprivatização da participação social do Estado de 71,73%, com um novo caderno de encargos, depois de ter anunciado em 28 de outubro que a venda da Efacec ao grupo DST não foi concluída por não se terem verificado "todas as condições necessárias" à concretização do acordo de alienação.